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ENTREVISTA: PEDRO PAVÃO






PEDRO PAVÃO NA HISTÓRIA DE UMA CIDADE



Ele tem um currículo extenso e irretocável. Sempre colocou a cidade em primeiro plano. Polêmico, algumas vezes, de personalidade forte, nunca recusou um desafio. Na avenida Nelson Spielmann, 173, teve um comércio que ficou em atividade durante 60 anos ininterruptos. Isso não é para qualquer um. Isso requer dinamismo, competência e dedicação. A família sempre em primeiro lugar. O futebol e a pescaria, como bom brasileiro nato, são suas duas paixões. Até hoje, com 83 anos bem vividos, preside o Sindicato do Comércio Varejista de Marília há quase quatro décadas. Ao conversar semana passada com a reportagem do site ABC (Amigos da Bola e Cia), mandou dois recados: que o futebol, no geral, está acabando e que, em 2025, a cidade vai ganhar um dos presentes mais expressivos de sua história, ou seja, uma unidade do SESC (Serviço Social do Comércio). A pessoa em destaque atende pelo nome de Pedro Pavão.


SITE ABC – E família, tudo bem?

PAVÃO – Sim, meus quatro filhos, Eduardo, Pedrinho, Alessandra e Rogério já me presentearam com 13 netos e quatro bisnetos. Uma alegria indescritível. Aliás, Eneida e eu estamos comemorando 61 anos de casamento, uma vida repleta de amor, trabalho e muita união.

SITE ABC – Antes de abordar sua trajetória como dirigente comercial, deputado federal, vereador, entre outras funções que propiciaram muitos benefícios para Marília, o assunto é futebol. O senhor teve uma participação destacada no acesso do MAC (Marília Atlético Clube) à divisão maior do futebol paulista. Como foi isso?

PAVÃO – Tem muita gente que confunde até hoje, mas em 1971, o MAC conseguiu o acesso ao que se chamava de “Paulistinha”, uma espécie de segunda divisão. Um trabalho impecável dos desportistas Pedro Sola (prefeito municipal), José Ribamar Mota Teixeira, o Ribinha, João Barion, entre outros. Minha equipe assumiu o time em 1974, quando então ficamos em 6º lugar no estadual e conseguimos ingressar na primeira divisão. E a estreia foi no ano seguinte, em 1975. Para coroar nosso trabalho, a abertura do campeonato foi no Abreuzão com a presença do Corinthians. Um presente do José Ermírio de Moraes Filho, presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), que gostava muito de Marília. Ganhamos pela contagem mínima.


SITE ABC – O senhor era muito amigo do José Ermírio, né?

PAVÃO – Sim, ele sempre nos ajudou, como por exemplo, na construção do Poliesportivo que era para ser um cartão de visita da cidade. José Ermírio era irmão do Antônio Ermírio, todos do conglomerado Votorantim. Na época, o Poliesportivo contava com 2.500 associados. Uma festa. O MAC tinha um moderno ônibus para viagens longas e até uma sede social na rua Paraíba que era constantemente alugada para eventos. Mais uma fonte de renda. Bem, a história todo mundo conhece. Depois que o time passou a ser administrado por gente com outras finalidades, o maravilhoso clube da zona Oeste virou sucata, assim como o restante do patrimônio. Ao fanático torcedor alvi-celeste só restou a decepção.


SITE ABC – Quem jogava de titular no seu time?

PAVÃO – Fico preocupado em esquecer o nome de algum companheiro. Como presidente, tinha na minha assessoria o Akira Nakadaira, Gilberto Pastori, Milton Tedde, João Gonçalves (João Bonitinho) e o Nardinho. O Leandro Presumido cuidava das categorias de base. Comandamos a equipe de 1974 a 1979 e depois de 1982 a 1985. Não podemos esquecer o triunfo da Copa São Paulo de Juniores, em 1979. O MAC foi o primeiro time do interior a conquistar tão importante título. E veja que ainda ficamos sem três jogadores importantes, Jorginho, Márcio Rossini e Paulo César. Eles foram convocados para a Seleção Brasileira de Juniores que participava de um torneio no Uruguai. Mesmo assim foi um show, e o caneco veio em cima do Fluminense.

SITE ABC – O senhor disse que o futebol está acabando?

PAVÃO – Veja aqui no estado de São Paulo como estão as grandes cidades como Campinas, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Sorocaba e outras. Uma lástima, um futebol pobre, sem nenhuma perspectiva de reviver aquele passado venturoso, bem-sucedido. A Lei Pelé, ou a lei do passe livre, acabou com tudo isso. Foi mudada a relação entre atletas e agremiações. Anteriormente um jogador só poderia se transferir de um clube para outro com a permissão de sua equipe por conta do passe. Nós revelávamos os talentos e depois os revendíamos para poder manter a equipe com bons profissionais. Hoje o futebol, infelizmente, está na mão dos empresários. É só despontar algum craque que eles já estão em cima. Os empresários escalam até a Seleção Brasileira. Aí fica difícil tocar o futebol. E sem investimentos não se chega a lugar algum.


SITE ABC – Hoje há muitos árbitros que querem aparecer mais que os jogadores, há o VAR, câmeras para todo lado. Mesmo assim a arbitragem continua incompetente em sua grande parte e pouco se pode fazer. Qual sua opinião?

PAVÃO – Bem, a incompetência começa na escolha de quem vai treinar esses “profissionais”. São cursos e mais cursos na Confederação e federações estaduais e, mesmo com toda essa tecnologia, falhas gritantes são verificadas constantemente. Lamentável!!!

SITE ABC – Como o senhor e seus pares lidavam com a arbitragem sem nenhuma tecnologia?

PAVÃO – O futebol sempre teve aqueles cartolas que queriam ser donos do mundo. Waldemar Bauabi em Jaú gostava de mandar em tudo. O José Ferreira Pinto foi outro grande exemplo. Terrível. Comandava o Juventus e era muito habilidoso na arbitragem da FPF. Certa vez o Moleque Travesso veio jogar aqui e o árbitro encomendado foi o Dulcídio Wanderley Boschilia. Ele não deixava o MAC jogar, invertia faltas, distribuía cartão, enfim, foi um primeiro tempo para enervar qualquer torcedor. No intervalo eu não aguentei. Fui direto e ele e de dedo em riste o ameacei: se você continuar com essa palhaçada essa torcida que você está vendo aí vai fazer picadinho de você. Ele então tratou de apitar certinho e nós ganhamos a partida. Casos como esse eram frequentes. A gente chegava junto mesmo. O pau comia. Pressão pra cima da arbitragem e dos adversários desde quando desciam do ônibus. Se o Mac era prejudicado escandalosamente nas outras cidades, no Abreuzão ninguém ia ter moleza.


SITE ABC – Contra os times chamados grandes aconteceram brigas que o torcedor não esquece até hoje. O senhor deve se lembrar bem.

PAVÃO – Sim, com certeza, torcedores das organizadas da capital vinham pra cá chamando todo mundo de caipira e queriam mandar na cidade e no estádio. O quebra-pau acontecia e o torcedor mariliense não levava desaforo para casa. Na nossa época teve a famosa briga no campo com o time do Palmeiras, envolvendo principalmente os jogadores Mário Sérgio e Leão. Teve uma vez que a torcida do São Paulo vandalizou a cidade antes do jogo. Residências, comércio e até uma feira livre foram alvos desses marginais. Conclusão, provocaram tanto que nossa torcida pôs todo mundo pra correr.


SITE ABC – Teve também um “rebolo” que o MAC escapou por milagre. Como foi?

PAVÃO – Foi em Bauru e o adversário era o Santo André. Um time que eu sabia que só jogava dopado e naquela época não havia controle. Então eu fiz o maior estardalhaço, chegando ao conhecimento da diretoria do time de São Caetano que iria ter antidoping naquele jogo de vida ou morte. Tudo mentira. Os caras vieram de cara limpa e nossos jogadores ficaram à vontade para tomar aquele chazinho milagroso. Vencemos e escapamos do rebaixamento.

SITE ABC – Quer dar um palpite sobre o MAC atual?

PAVÃO – Investimento. Essa é a palavra-chave. Sem investimento não dá. O empresário Luiz Antônio Duarte Ferreira, o Cai Cai, investiu bastante e o time alçou voos gloriosos. Se não for assim, fica difícil tocar futebol. A diretoria atual faz o que está ao seu alcance.

SITE ABC - Nas áreas comercial e industrial de Marília o senhor possui uma vasta folha de serviços prestados. Cite alguns.

PAVÃO – Posso citar, principalmente, a eleição do Comerciante e Industrial do Ano; instalação do Campo de Mobilização Permanente na Federação do Comércio do Estado de São Paulo, como a criação do NAS (Núcleo de Apoio aos Sindicatos); implantação do sistema de Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista em Marília; participação na fundação do Rotary Clube “Marília Leste – ano de 1962); presidência da Feira da Fraternidade que abrangia 44 entidades assistenciais (1982); presidente da Associação Comercial e Industrial de Marília de 1980 a 1988; eleito por duas vezes pelas entidades de classe e sindicais como “Esportista do Ano”; presidente até hoje (39 anos) e fundador da Associação Profissional do Comércio Varejista; vice-presidente da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo e também do seu Conselho Diretivo por mais de 30 anos.


SITE ABC – Realmente o percurso até os dias atuais é recheado de muito trabalho. Mas não para por aí. O senhor foi eleito deputado federal em 1990. Como foi essa experiência?

PAVÃO – O apoio dos amigos e os frutos de tudo que já havíamos feito pela cidade foram os principais ingredientes que me galgaram à Câmara Federal pelo PDS. Obtivemos muitos recursos para as entidades de Marília e região durante esses quatro anos. Conseguimos a escola Bradesco em 1993; a preservação do Sesi, Sesc, Senai e Senai; várias agências franqueadas do Correio, principalmente para os bairros Nova Marília, Alto Cafezal e Maria Izabel; a instalação da unidade do Sebrae (Regional de Marília); recursos para a construção de casas populares nos núcleos Monsenhor Tóffoli, Chico Mendes, Pedro Teruel, entre outros; conclusão das obras do Hemocentro; instalação das 1ª e 2ª Juntas de Conciliação e Julgamento do Trabalho de Marília e Garça; o CAT (Centro de Atendimento ao Trabalhador); verbas para as ligações de redes de esgoto em Marília através do Prossege; reforma do Senac; instalação da Polícia e Justiça federais na cidade e muitos outros benefícios. Em 1995 fiquei na primeira suplência pelo PPB.

SITE ABC – Ainda na política, o senhor e seu filho Eduardo foram vereadores. Muito trabalho também.

PAVÃO – O Eduardinho foi eleito vereador na gestão do saudoso prefeito Salomão Aukar (1993 a 1996) e foi uma parceria muito benéfica para Marília. Eu me elegi em 2001 e, dentro do possível, em virtude das adversidades políticas, pudemos conquistar muitas melhorias para a cidade.

SITE ABC – Falando em lazer, o senhor esteve recentemente participando de pesca desportiva em Barcelos, em plena selva amazônica.

PAVÃO – Meu filho Eduardo reside há muitos anos em Manaus. No mês passado fui visitá-lo junto com o amigo Eduardo Kawakami. E fomos conhecer Barcelos, uma cidade histórica, a 400 km da capital. O município fica na margem direita do rio Negro e possui a maior concentração de peixes tucunarés de toda Amazônia. O local valoriza bastante a pesca desportiva ecologicamente correta. Barcelos exporta mais de 20 milhões de peixes para todo o mundo, principalmente para o Japão, sendo que a cada cinco peixes exportados, um é cardinal (peixe de aquário). Foi mais uma pescaria de tantas que fizemos pelo Brasil com nossos amigos marilienses.


SITE ABC – O senhor aproveitou em Manaus para rever sua neta Maria Eduarda, a Duda, que hoje é alta patente da Fifa. O que ela faz?

PAVÃO – Ela é Analista de Marketing Sênior da Fifa. Viaja muito pelo mundo, pois precisa estar sempre atualizada com as últimas tendências do mercado. Emite relatórios de KPIs de marketing, taxas de conversão, tráfego de sites e engajamento nas mídias sociais. Ela está nessa atividade desde a Copa do Mundo realizada no Brasil, em 2014. Sem dúvida, a Duda está sendo um grande orgulho para toda nossa família.


SITE ABC – E o SESC (Serviço Social do Comércio), vai abrir suas portas para a cidade em 2025?

PAVÃO - Sim, uma Unidade Operacional. Um presente inesquecível para Marília. Esses centros são destinados à cultura, esporte, saúde e alimentação, desenvolvimento infanto-juvenil, à terceira idade, entre outros cursos. O Sesc empenha-se em proporcionar ao seu público prioritário e à comunidade em geral espaços dedicados ao convívio e à troca de experiências. São ambientes planejados para receber atividades diversificadas que possibilitem o bem-estar e o aprimoramento pessoal e social, crítico e renovado.


SITE ABC – Vem chegando o final de mais um ano. Deixe uma mensagem para o povo mariliense.

PAVÃO – A gente quer que tudo funcione bem, é claro, que a população seja bem atendida nos setores da saúde, educação, segurança, ou seja, em todas as áreas. Que os governos municipal, estadual e federal superem as expectativas, com uma administração séria, proba e voltada cem por cento para a classe mais humilde. E que as leis contra a corrupção sejam mais duras e o Judiciário mais célere. E, evidente, que o nosso MAC possa subir todo ano de divisão porque seu torcedor apaixonado merece reviver as glórias do passado.






ENEIDA E O MARIDO PEDRO PAVÃO



A FAMÍLIA

MAQUINHO, CAMPEÃO DA COPINHA EM 1979



PESCARIA, ETERNA PAIXÃO






































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