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NOSSA MÚSICA - PARTE I - HISTÓRIA DA MPB

amigosdabolaecia

Atualizado: 16 de out. de 2024


 

 


LÁBIOS QUE BEIJEI

Valsa de J. Cascata e Leonel Azevedo. Gravação original de Orlando Silva, feita em 15 de março de 1937.


ORLANDO SILVA


Confira aqui “LÁBIOS QUE BEIJEI” na voz de Caetano Veloso

Clic no link:




Lábios que beijei

Mãos que eu afaguei

Numa noite de luar, assim...

O mar, na solidão, bramia

E o vento a soluçar pedia

Que fosses sincera para mim!

 

Nada tu ouviste

E logo partiste

Para os braços de outro amor

Eu fiquei chorando

Minha mágoa cantando

Sou a estátua perenal da dor

 

Passo os dias soluçando com meu pinho

Carpindo a minha dor sozinho

Sem esperança de vê-la jamais

Deus, tem compaixão deste infeliz

Por que sofrer assim?

Compadecei-vos dos meus ais!

 

Tua imagem permanece imaculada

Em minha retina cansada

De chorar por teu amor

Lábios que beijei

Mãos que eu afaguei

Volta, dá lenitivo à minha dor

 


Talvez esta seja uma das valsas mais populares de todos os tempos. A melodia é excelente e a letra -de elevado teor cornálgico- calou fundo em toda uma geração. Na carreira artística de Orlando Silva ela ocupou um lugar de relevo, comparável ao TAÍ na de Carmem Miranda, ou A VOZ DO VIOLÃO na de Francisco Alves.

O último verso da 4ª sextilha, no entanto, apresentou um problema. Como toda a letra é na 2ª pessoa do singular (tu) e do plural (vós), o lógico é que dissesse: “Voltai, dai lenitivo à minha dor!” Aliás, é assim que encontramos esta letra na contracapa do LP “Época de Ouro”, com Jacob do Bandolim. Mas acontece que, ao se cantar, ter-se-ia de dizer “Vóltai”, com acento na primeira sílaba. Ângela Maria, em sua admirável gravação desta valsa, sente o drama e procura contemporizar, cantando: “Voltem, dai lenitivo à minha dor!”. Mas o Orlando resolveu o problema colocando tudo no singular: “Volta, dá lenitivo...”, embora o sujeito (mãos e lábios) seja plural.


Ângela Maria também gravou “Lábios que beijei”


 


DEUSA DA MINHA RUA

Valsa-canção de Newton Teixeira e Jorge Fáraj. Gravação original de Silvio Caldas, feita em 10 de julho de 1939.


NEWTON TEIXEIRA


SILVIO CALDAS


Confira aqui na voz de SILVIO CALDAS

(só clicar no link)




A deusa da minha rua

Tem os olhos onde a lua

Costuma se embriagar

Nos seus olhos, eu suponho

Que o sol, num dourado sonho

Vai claridade buscar

 

Minha rua é sem graça

Mas quando por ela passa

Seu vulto, que me seduz

A ruazinha modesta

É uma paisagem de festa

É uma cascata de luz

 

Na rua uma poça d’água

- Espelho da minha mágoa

Transporta o céu para o chão

Tal qual no chão da minha vida

A minh’alma comovida

E o meu pobre coração

 

Espelhos da minha mágoa

Meus olhos são poças d’água

Sonhando com seu olhar

Ela é tão rica e eu tão pobre

Eu sou plebeu e ela é nobre

Não vale a pena sonhar!



“Temos aqui um clássico do nosso cancioneiro romântico e uma das melhores letras jamais feitas entre nós. Nessa época, uma forte amizade me ligava ao Jorge Fáraj e, na noite em que ele me mostrou, ainda rascunhada, a Deusa da minha rua, lembrei-me imediatamente de uma exposição de fotografias que vira recentemente; entre elas havia uma que mostrava uma nuvem, refletida na poça d’água de uma rua de paralelepípedos. Disse ao Jorge: - Eis aí a tua imagem poética, materializada numa fotografia!”


JORGE VIDA FÁRAJ (fáraj em árabe que dizer “carinhoso”) nasceu no Largo dos Leões, em Botafogo, RJ, em 9 de julho de 1901. Autodidata, ocupou diversos empregos, até se firmar como um dos letristas mais inspirados que tivemos, criador de imagens que deveriam ficar para sempre na memória nacional, se esta existisse... “Telefone do amor”, “Menos eu”, “Meu coração a teus pés”, “Professora”, e tantos outros poemas representam páginas invulgares do nosso cancioneiro. Além desses, ele escreveu versos, musicados por Custódio Mesquita, que sobressaem por sua originalidade, abordando tema raramente aproveitado por nossos compositores populares; refiro-me à Guerra do Paraguai, que contou com o apoio efetivo do povo e na qual nossos negros tiveram uma participação marcante. Trata-se de um samba-canção intitulado PRETO VELHO e, como tal, excluído do presente volume. Não obstante, por sua originalidade, abrimos aqui uma exceção e reproduzimos sua letra, feita em 1940:

 

Preto velho, quando a sua sombra passa

Todo mundo faz chalaça

Dá vaia, debocha e ri

Sem saber que você – quanta saudade! –

Estragou a mocidade

Combatendo em Tuiuti!

 

Ninguém sabe que você perdeu o braço

E arranjou este cansaço

Brigando em Humaitá

Quem me dera, preto velho, que eu pudesse

Dar-lhe o que você merece

E que a vida não quis dar

 

Preto velho, que brigou no Paraguai

E agora rolando vai

Pela vida ao Deus dará...

Quem me dera, preto velho, que eu pudesse

Dar-lhe o que você merece

E que a vida não quis dar

(Cantada por Silvio Caldas – LP “E o destino desfolhou”

 

...Além dessa peça só conheço um poema de Luiz Peixoto, musicado por Almirante, que aborda o mesmo tema, publicado em O MALHO de 12 de maio de 1932, que começa assim:

 

Sou preto véio

Mas não sou dessa canáia

Meu peito tem seis medáia

Que eu ganhei no Paraguai

 

Ainda com referência a Jorje Fáraj, gostaria de deixar aqui versos seus, inéditos e jamais musicados, que aprendi em nossa convivência:

 

Quando por mim você passa

Formosa, cheia de graça

Há sol no meu coração

E o demônio da incerteza

Consola minha tristeza

Com uma interrogação:

 

Será que você mentia

No tempo em que me dizia:

- Eu não vivo sem você –

Ou é agora que mente

Quando passa indiferente

Fingindo que não me vê?

 

JORGE FÁRAJ morreu tuberculoso, no Sanatório de Curicica, em Jacarepaguá, no RJ, no dia 14 de junho de 1963.

 

NEWTON TEIXEIRA nasceu no Irajá, bairro carioca, em 16 de abril de 1916. Aos 10 anos começou a aprender bandolim, passando para o violão aos 14. Sua primeira música, composta aos 20 anos, foi gravada por Silvio Caldas; a segunda, feita logo depois, foi gravada por Francisco Alves. Seu maior sucesso foi esta DEUSA DA MINHA RUA. Era também cantor e gravou várias peças de sua autoria. Em 1964, apresentou ainda um compacto duplo de CHANTECLER: A volta do seresteiro”.  

 


ALMIRANTE


 


MODINHAS & SERESTAS

VALSAS & CANÇÕES



PARTE I


Por que desapareceram as canções, as valsas e as modinhas? Por que desapareceram as serenatas? O fato é que esse gênero musical necessita de condições específicas para surgir e se manter. Em primeiro lugar, o namoro canoro -que é a serenata- somente viceja em sociedades tradicionais, que hoje seriam xingadas de machistas. Quer dizer: em sociedade nas quais os sexos desempenham papéis definidos e inconfundíveis. Todos tempos ainda nos ouvidos a frase escutada centenas de vezes na nossa infância: “- Não faça isso, menino; isso é coisa de mulher!”. Ou então: “- Não faça isso, menina. Isso é coisa de homem!”. Fazer serenata sempre foi “coisa de homem”, jamais se ouvir falar de mulheres seresteiras, empunhando o violão sob a janela dos amados. “Coisa de mulher” era escutar a serenata, recebendo com emoção e recato, num alvoroço reprimido, o galanteio melódico que lhe faziam.

Tanto isso é verdade que esse gênero musical permaneceu território exclusivo dos intérpretes do sexo masculino.



SERENATA DE CÂNDIDO PORTINARI




LUIZ PEIXOTO


Nas décadas de 1920 e 1930, ocupava lugar de destaque no cenário artístico do Rio, a figura de Luiz Peixoto, jornalista, poeta, revistógrafo (autor de revista teatral; revisteiro), ator e desenhista, a quem considero um dos nossos cinco maiores letristas de todos os tempos. Embora tenha surgida a mais tênue dúvida sobre sua intransigente “opção heterossexual”, Luiz apresentava a peculiaridade de escrever poesias “femininas”, como se fosse uma mulher contando a própria história. Várias dessas poesias foram musicadas e constituem até hoje clássicos do nosso cancioneiro. Foi assim que surgiu “LINDA FLOR (Ai, Ioiô), poema musicado como samba-canção por Henrique Vogeler e Interpretado pela notável Aracy Cortes:

“Chorei toda a noite e pensei

Nos beijos de amor que te dei

Ioiô, meu benzinho, do meu coração

Me leva pra casa, me deixa mais não!”

Assim surgiu também O QUE FOI QUE EU FIZ, apelidada na época de “a canção da mulher de trottoir”, que hoje seria a “piranha rueira”:

“Quanta vez

Pelas ruas desertas vou

E sigo o sinal de quem

Primeiro por mim chamou...” (PPM)


ARACY CORTES



EU SONHEI QUE TU ESTAVAS TÃO LINDA

(Valsa de Lamartine Babo e Francisco Matoso. Gravação original de Francisco Alves, feita em 1942) 


CANTE COM CARLOS GALHARDO





Eu sonhei que tu estavas tão linda

Numa festa de raro esplendor

Teu vestido de baile – lembro ainda...

Era branco, todo branco, meu amor!

 

A orquestra tocou umas valsas dolentes

Tomei-te aos braços, fomos dançando, ambos silentes

E os pares, que rodeavam entre nós

Diziam coisas... trocavam juras, à meia voz...

 

Violinos enchiam o ar de emoções

E de desejos centenas de corações

Pra despertar teu ciúme, tentei flertar alguém

Mas tu não flertaste ninguém!

 

Olhava só pra mim

Vitórias de amor cantei!

Mas tudo foi um sonho, acordei...

Esta valsa representa uma das mais belas melodias brasileiras e mantém -dentro das condições atuais- uma certa popularidade até o presente. Tem tido diversas regravações, quase sempre com a letra deturpada; Carlos Galhardo, por exemplo, canta: “A orquestra tocou uma valsa dolente” e “De mil desejos uma centena de corações”; neste disco, aliás, não consta o nome de Francisco Mattoso como coautor, figurando apenas o de Lamartine. Já Sylvio Caldas canta: “A orquestra tocava umas valsas dolentes...”.




 



LAMARTINE BABO


LAMARTINE de Azeredo BABO (Rio de Janeiro, 10 de janeiro de 1904 – Rio de Janeiro, 16 de junho de 1963) foi um compositor popular brasileiro. Era um dos doze filhos de Leopoldo Azeredo Babo e Bernarda Preciosa Gonçalves, sendo um dos três que chegaram à idade adulta. Era tio de Osvaldo Sargentelli, cujo pai — Leopoldo — nunca o reconheceu oficialmente. Lamartine nasceu no mesmo ano da fundação do seu clube de coração, o tradicional America Football Club.



Tijucano e americano fanático, Lamartine protagonizou cenas memoráveis como o desfile que fez em carro aberto pelas ruas do centro do Rio, fantasiado de diabo (FOTO ACIMA), comemorando o último campeonato do América, em 1960. Mesmo tendo sido um leigo em técnica musical, Lamartine criou melodias resultantes de seu espírito inventivo e versátil. Começou a compor aos 14 anos - a valsa "Torturas do Amor" e, aos 16 anos, compõe a opereta "Cibele". Quando foi para o Colégio São Bento dedicou-se a músicas religiosas. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais na então Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, atual Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


Porém, foi através das marchinhas carnavalescas, cantadas até hoje, como O Teu Cabelo Não Nega, Grau 10, Linda Morena, e A Marchinha do Grande Galo, que o seu nome se tornou mundialmente conhecido como o Rei do Carnaval. Em suas letras, predominavam o humor refinado e a irreverência. Lamartine compôs a toada "Zeca Ivo" em homenagem ao seu amigo e compositor José Ivo da Costa, o Zeca Ivo. Também compôs em parceria com Zeca Ivo o fado-toada "A vida é um inferno onde as mulheres são os demônios".



CANTE A FAMOSA MARCHINHA DO LALÁ





O TEU CABELO NÃO NEGA


O teu cabelo não nega, mulata

Porque és mulata na cor

Mas como a cor não pega, mulata

Mulata, eu quero o teu amor

 

O teu cabelo não nega, mulata..

Tens um sabor bem do Brasil

Tens a alma cor de anil

Mulata, mulatinha, meu amor

Fui nomeado teu tenente interventor

 

O teu cabelo não nega, mulata


Quem te inventou, meu pancadão

Teve uma consagração

A Lua, te invejando, faz careta

Porque, mulata, tu não és deste planeta


Quando, meu bem, vieste à Terra

Portugal declarou guerra

A concorrência, então, foi colossal

Vasco da Gama contra o batalhão naval


O teu cabelo não nega, mulata...



 


SERRA DA BOA ESPERANÇA (MG)


Quando Lamartine foi enganado se apaixonou por uma mineira que não existia…

De acordo com Áurea Netto Pinto, no princípio da década de 1930, seu irmão, o dentista Carlos Alves Netto (chamado “Caro”, pelos amigos) colecionava fotos de celebridades do rádio. Para conseguir as fotos, “Caro” costumava escrever aos artistas no Rio, chegando, às vezes, a adotar um pseudônimo feminino.

Uma das “vítimas” foi justamente Lamartine Babo, que estava no auge do prestígio, pela composição de marchinhas carnavalescas. Assim, Carlos Netto escreveu a Lamartine Babo, fazendo se passar por uma certa “Nair Oliveira Pimenta”, mineira de Dores da Boa Esperança, distrito do Município de Boa Esperança, em Minas Gerais (que fica a 450 km do Rio de Janeiro e 280 Km de Belo Horizonte). Com o tempo, Lamartine e “Nair” passaram a se corresponder com mais frequência. Eles se comunicavam em verso e prosa, e Lamartine estava admirado com a inteligência da sua correspondente, enviou as fotos e mantiveram contato por cerca de um ano. Certo dia, a “Nair” interrompeu as cartas, alegando que iria se casar com um primo e que “tudo não se passava de um sonho impossível”. Assim, diante da notícia, Lamartine resolve, em 1937, ir a Boa Esperança para conhecer Nair e dissuadi-la do casamento com o primo. Segundo Áurea, Lamartine, ao chegar na cidade, era “magro, feio e desdentado; porém, um sultão orgulhoso de seu harém”.

Procurou a jovem Nair,mas ninguém a conhecia. A única Nair da cidade era uma menina de 6 anos de idade. Decepcionado, não desistiu e continuou sua busca pela cidade, até que a verdade lhe fora revelada: “Nair” na verdade era o dentista Carlos Alves Netto, que era o efetivo remetente das cartas. Sebastião Nunes conta como teria sido a chegada de Lamartine, recepcionado por Carlos Alves Neto, no Jornal GGN:

O sol estava alto quando Lalá desembarcou na estação de pouco movimento. Não conhecia ninguém, claro. Olhou para os lados. Viu, no meio da pracinha em frente, um sujeito de terno, gravata e chapéu, que parecia esperar por ele.

– Não tenho nada a perder – resmungou mais uma vez. – Já que estou aqui, vamos em frente. Aquele camarada deve conhecer Nair.

– Boa tarde – disse, tirando o próprio chapéu. – O senhor é da cidade?

– Perfeitamente – concordou o outro. – Nascido e criado aqui. Só estive fora, na capital, estudando odontologia. Sou dentista. Meu nome é Carlos Alves Netto.

– Ah, bom – fez Lamartine, confuso. – Já que é assim, teria a bondade de me indicar um bom hotel?

– Pois não – disse o dentista, atencioso. – Logo ali, do outro lado da praça, está vendo? O Hotel Central é o melhor da cidade.

– Ora, quem diria! – espantou-se Lalá. – Tão pertinho!

– O senhor está chegando do Rio, não é?

– Estou – respondeu Lalá. – Como adivinhou?

– Ora, quem não reconheceria o grande Lamartine Babo? Sou seu fã!

– Obrigado – disse Lalá. – Estou com uma sede danada depois dessa longa viagem. Aceitaria beber uma cerveja comigo?

– Certamente, senhor Lamartine. Puxa vida, com o maior prazer. O melhor bar e restaurante da cidade fica também no hotel.

– Vamos lá – moveu-se Lalá, desenferrujando com alegria as pernas. – Não precisa me chamar de senhor. Lamartine tá bom. E queira me desculpar o interesse, mas por acaso conhece uma moça chamada Nair? Nair Oliveira Pimenta?

O dentista ficou vermelho. Pigarreou. Passou um lenço na testa.

– Então é só Lamartine, obrigado – desconversou. – Que tal a gente beber a cerveja e conversar um pouco? Temos muito que conversar.

Só passados dois dias, sempre enrolado pelo dentista, Lalá ficou sabendo que a verdadeira Nair tinha seis anos de idade e era irmã de Carlos. Tudo não passava de uma farsa do dentista para arrancar fotos, cartas e autógrafos dos compositores que admirava. Lamartine Babo era um deles, e foi o único a fazer uma viagem por nada.

Ao saber de tudo, Lamartine capitulou. Ficou na cidade, e terminou fazendo amizade com Carlos Netto. Lamartine virou atração na cidade. A juventude e os músicos do lugar passaram a se reunir, diariamente, com ele.

 


SERRA DA BOA ESPERANÇA (MG)


HOMENAGEM A LALÁ


Depois de alguns dias, foi marcado um piquenique para sua despedida e retorno ao Rio, quando Lamartine, olhando a Serra da Boa Esperança que emoldurava a paisagem, começou a solfejar as notas, que eram postas num pedaço de jornal improvisados por Carlos Netto. E com as notas, foi saindo a letra. A canção popularizou Boa Esperança, tanto que, na cidade, há um monumento a Lamartine Babo.


CANTE VOCÊ TAMBÉM!!!

 GRAVAÇÃO DE MARIA BETHÂNIA

 




SERRA DA BOA ESPERANÇA


Serra da Boa Esperança,

Esperança que encerra

No coração do Brasil

Um punhado de terra

No coração de quem vai,

No coração de que vem,

Serra da Boa Esperança,


Meu último bem

Parto levando saudades,

Saudades deixando,

Murchas, caídas na serra,

Bem perto de Deus

Oh, minha serra,

Eis a hora do adeus

Vou-me enbora

Deixo a luz do olhar


No teu luarAdeus!

Levo na minha cantiga

A imagem da serra

Sei que Jesus não castiga


Um poeta que erra

Nós, os poetas, erramos

Porque rimamos, também

Os nossos olhos nos olhos

De alguém que não vem

Serra da Boa Esperança,

Não tenhas receio,

Hei de guardar tua imagem

Com a graça de Deus!

Oh, minha serra,

Eis a hora do adeus,

Vou-me embora

Deixo a luz do olhar

No teu olhar

Adeus!           



 

LUAR DO SERTÃO


Canção de CATULLO DA PAIXÃO CEARENSE e JOÃO PERNAMBUCO. Gravação original de Eduardo das Neves, feita em fevereiro de 1914. Temos aqui uma das mais famosas canções brasileiras e uma das que provocaram maiores polêmicas. Catullo morreu sustentando que música e letra era de sua lavra, mas muitos estudiosos da música popular apoiam a pretensão de João Pernambuco, que dizia ser o autor da melodia. No Jornal do Brasil de 13 de agosto de 1941, o crítico de arte Andrade Murici escreveu em sua coluna “Pelo mundo da música”:

“... Luar do Sertão, letra de Catullo da Paixão Cearense, para a qual esse modesto João Pernambuco compôs música destinada a viver enquanto houver vida num coração brasileiro...”.

O professor Mozart de Araújo trouxe também seu depoimento sobre a questão:

“Modifiquei e fiz o Luar do Sertão, que foi vendido ao Figner – declarou-me Catullo, em 1946, poucos meses antes de morrer. Conhecendo Catullo e Pernambuco, entendi que a modificação da melodia consistiu simplesmente em adaptá-la à letra que, esta sim, era de Catullo. (...) Por Catullo nunca tê-lo mencionado como autor da melodia de Cabocla de Caxangá e Luar do Sertão, João Teixeira Guimarães, com profunda mágoa, faleceu a 16 de outubro de 1947”.

Em seu livro, “No Tempo de Noel Rosa”, Almirante (pseudônimo de Henrique Foreis Domingues) defende com ardor a autoria de Pernambuco no Luar do Sertão, trazendo, além dos depoimentos acima transcritos, ainda os de Villa-Lobos, Sylvio Salema, José Rebello da Silva e outros mais, todos concordes em atribuir a melodia da peça a João Pernambuco.



JOÃO PERNAMBUCO


João Teixeira Guimarães, vulgo João Pernambuco, nasceu em Jatobá (PE), em 2 de novembro de 1883; veio para o RJ em 1902 e, anos depois, travou conhecimento com Catullo.




CATULLO DA PAIXÃO CEARENSE

Catullo da Paixão Cearense nasceu em São Luiz do Maranhão, em 8 de outubro de 1863, foi criado no Ceará e veio para o Rio em 1900. Faleceu na rua Francisca Meyer (hoje rua Catullo Cearense), no Engenho de Dentro, RJ, em 10 de maio de 1946, prestes a completar 83 anos.

Como acontece com “A Pequenina Cruz do teu Rosário”, também aqui o poema é extenso demais para ser cantado, pois ultrapassaria em muito o tempo normal de uma gravação; por essa razão, os intérpretes escolheram as sextilhas que julgaram mais belas, desprezando as outras. Assim verifica-se uma certa variedade na letra Luar do Sertão, não só nos versos, como na ordem dos mesmos.



ACESSE AQUI E CANTE "LUAR DO SERTÃO"




LUAR DO SERTÃO


Ah, que saudade

Do luar da minha terra

Lá na serra branquejando

Folhas secas pelo chão

Este luar cá da cidade tão escuro

Não tem aquela saudade

Do luar lá do sertão


Não há, oh gente, oh não

Luar como este do sertão

Não há, oh gente, oh não

Luar como este do sertão


A lua nasce

Por detrás da verde mata

Mais parece um sol de prata

Prateando a escuridão

E a gente pega na viola que ponteia

E a canção é a lua cheia

A nos nascer no coração


Não há, oh gente, oh não...


A gente fria

Desta terra sem poesia

Não se importa com esta lua

Nem faz caso do luar

Enquanto a onça

Lá na verde da capoeira

Leva uma hora inteira

Vendo a lua derivar


Não há, oh gente, oh não...


Coisa mais bela

Neste mundo não existe

Do que ouvir-se um galo triste

No sertão se faz luar

Parece até que alma da lua

É que descansa escondida na garganta

Desse galo a soluçar


Não há, oh gente, oh não...


Ai quem me dera

Que eu morresse lá na serra

Abraçado à minha terra

E dormindo de uma vez

Ser enterrado numa cova pequenina

Onde à tarde a sururina

Chora a sua viuvez


Não há, oh gente, oh não...




 


MÁGOAS DE CABOCLO


Canção de LEONEL AZEVEDO e J. CASCATA. Gravação original de Orlando Silva, feita em 21 de março de 1936. Houve outra gravação, feita em 19 de janeiro de 1942.


CANTE COM FRANCISCO ALVES



Cabocla, seu olhar está me dizendo Que você está me querendo Que você gosta de mim Cabocla, não lhe dou meu coração Hoje você me quer muito Amanhã não quer mais não


Não creio mais em amor nem amizade Vivo só para a saudade Que o passado me deixou A vida para mim não vale nada Desde o dia em que a malvada O coração me estraçalhou


Às vezes pela estrada enluarada Lembro de uma toada Que ela para mim cantava Quando eu era feliz e não pensava Que a desgraça em minha porta Passo a passo me rondava

Depois que ela partiu eu fiquei triste Nada mais para mim existe Fiquei no mundo a penar E quando eu penso nela Oh grande Deus Eu sinto dos olhos meus Triste lágrima rolar



Na interpretação e nos famosos “soluços” de Orlando Silva, esta canção foi um dos pratos de resistência de seu repertório. Feita pela famosa dupla de “Lábios que “Beijei”, a peça tem uma melodia muito agradável. Quanto à letra, poder-se-ia resumir no famoso aforismo: “gato escaldado tem medo de água fria”; é o homem que foge do amor de hoje pelo medo da traição de ontem. Temos aqui mais um exemplo da dificuldade que encontramos para transcrever a letra exata, gravada por Carlos Galhardo, este introduz várias modificações: em lugar de “Lembro-me de uma toada”, ele canta: “Julgo ouvir uma toada”; onde Orlando diz “Fiquei no mundo a penar”, Galhardo canta: “Vivo no mundo a penar”.



 


CHÃO DE ESTRELAS


ACESSE AQUI E CANTE:



CHÃO DE ESTRELAS


Minha vida era um palco iluminado

Eu vivia vestido de dourado

Palhaço das perdidas ilusões

Cheio dos guizos falsos da alegria

Andei cantando a minha fantasia

Entre as palmas febris dos corações

Meu barracão, no morro do Salgueiro

Tinha o cantar alegre de um viveiro

Foste a sonoridade que acabou

E, hoje, quando do sol, a claridade

Forra o meu barracão, sinto saudade

Da mulher, pomba rola, que voou

Nossas roupas comuns dependuradas

Na corda qual bandeiras agitadas

Parecia um estranho festival

Festa dos nossos trapos coloridos

A mostrar, que nos morros, mal vestidos

É sempre feriado nacional

A porta do barraco era sem trinco

Mas a lua furando o nosso zinco Salpicava de estrelas nosso chão

E tu pisavas nos astros distraída

Sem saber que a ventura desta vida

É a cabrocha, o luar e o violão

(Compositores: Orestes Barbosa/Sylvio Caldas)


De todas as composições da dupla Sylvio-Orestes, esta é, sem dúvida, a que alcançou maior e mais duradouro sucesso, não só pela excelente melodia, mas principalmente pela letra, na qual a inspiração de Orestes atingiu seu ponto culminante. Seus versos são de uma felicidade invulgar e têm merecido os mais entusiásticos elogios de grandes poetas brasileiros. Em 18 de janeiro de 1956, Manuel Bandeira escreveu uma crônica, intitulada “Orestes”, incluída em seu livro FLAUTA DE PAPEL, cujo parágrafo final diz:

“Grande poeta da canção, esse Orestes! Se se fizesse aqui um concurso, como fizeram na França, para apurar qual o verso mais bonito da nossa língua, talvez eu votasse naquele de Orestes em que ele diz: ‘Tu pisavas os astros distraída...’. Decerto Orestes rojava no sublime, e a mulher que o inspirou pisou-lhe, acinte ou inadvertidamente, o coração, que se abriu na queixa imortal. Sei de muito poeta (Onestaldo de Pennafort é um deles e eu sou outro) que se rala de inveja porque não é o autor daquele verso. Com razão: nunca se endeusou tanto uma mulher como naquelas cinco palavras...”

A velha crônica de Mestre Bandeira, aliás, aborda um ponto interessante: tanto o Sylvio, como todos os cantores que, a seguir interpretaram esta canção, cometeram um equívoco no célebre verso, cantando “Tu pisavas NOS astros, distraída...”, quando o original de Orestes dizia: “Tu pisavas OS astros...” Não há dúvida que a forma primitiva ganha muito em beleza poética e é uma pena que tal acidente tenha ocorrido. (Paulo Pimenta de Mello)



SYLVIO CALDAS - Sílvio Antônio Narciso de Figueiredo Caldas (Rio de Janeiro, 23 de maio de 1908 — Atibaia, 3 de fevereiro de 1998) foi um cantor e compositor brasileiro. Seu primeiro sucesso foi o samba de Ari Barroso intitulado Faceira (1931). Desde então, consagrou-se como um dos maiores cantores brasileiros. Chão de estrelas (1937), em parceria com Orestes Barbosa, foi um de seus maiores êxitos. Dono de timbre inconfundível, que lhe valeu a fama de grande seresteiro, é conhecido também por alcunhas carinhosas, como Caboclinho querido, A voz morena da cidade ou Titio. Sílvio era um grande amigo do pai da cantora Maysa, e foi ele quem a ensinou a tocar violão.

Em 1950, mudou-se para São Paulo (mais precisamente para a Rua Morás, nº 326, na Vila Madalena), onde assinou com exclusividade com a Rádio Excelsior. Em 1954, foi contratado pela recém-chegada Columbia. Em 1956, apresentou o programa "Os Degraus da Glória", da Rádio Gazeta assumiu um programa próprio semanal na TV Record. Também na capital estadual, comprou a boate Mocambo, que passou a administrar. A partir dos anos 1960, Sílvio enfrenta a chegada da Bossa Nova, da Jovem Guarda e do rock and roll, que tomam bastante espaço dos cantores da Era do Rádio. Embora avesso à bossa, gravou, ao seu estilo, algumas composições do gênero, como "Serenata do Adeus" (Vinicius de Moraes), "Apelo" (Baden Powell e Vinícius de Moraes), "Consolação" (idem). "Gente Humilde" (Garoto, Vinicius e Chico Buarque), "Se Todos Fossem Iguais a Você" (Tom Jobim e Vinicius).

Na mesma época, passa a promover "shows didáticos" em que intercala músicas com "causos" da história da música popular do Brasil. Ao final dos anos 1970, aposenta-se dos estúdios, mas não dos palcos. Seu último show foi em 1997, aos 85 anos, no Sesc Pompeia, com Miltinho, Doris Monteiro, Noite Ilustrada e Trovadores Urbanos. Em 1988, por ocasião de seu aniversário de 80 anos, foi homenageado pela Academia Brasileira de Letras.




ORESTES BARBOSA (Rio de Janeiro, 7 de maio de 1893 - 15 de agosto de 1966) foi um compositor, jornalista, cronista e poeta brasileiro. Nascido na classe média, filho do major Caetano Lourenço da Silveira Barbosa e de Maria Angélica Bragança Dias Barbosa. Como poeta da canção, estreou em 1927, no teatro, ao escrever duas letras para Ouro de Moscou, revista sua e do jornalista Martins Reys, com música do maestro Francisco de Assis Pacheco: Coração de Carmim e Flor do Asfalto. Em 1930, Bangalô, cançoneta com melodia de Osvaldo Santiago, interpretada por Alvinho, integrante do Bando de Tangarás, inaugurou sua carreira em disco. Mas, somente após a Revolução de 24 de Outubro - com o empastelamento dos dois jornais em que colaborava, Crítica e A Notícia, e o fechamento do Conselho Municipal, seu emprego público -, atrás de ocupação e dinheiro, ele se encontrou definitivamente com a música popular.

Na coluna Rádio, pelas páginas de A Hora, desde a fundação em 06/07/1933, promoveu intensa divulgação da música popular. Jurado do primeiro concurso de Escolas de Samba na Praça Onze, em 1932, entrevistou para a seção, além de Francisco Alves, Mário Reis e Noel Rosa, Cartola, líder da Estação Primeira de Mangueira, e Baiaco, do Estácio de Sá. Ainda em 1933, já em Avante!, entrevistaria Wilson Batista e outros sambistas. O livro Samba – sua História, seus Poetas, seus Músicos, seus Cantores – que inaugura, ao lado de Na Roda do Samba, de Francisco Guimarães, a historiografia do mais importante gênero musical brasileiro – nasceu das campanhas jornalísticas em A Hora e tem como epígrafe uma frase atribuída ao grego Ésquilo: "Eu e o tempo contra todos".

Embora parceiro de muitos compositores, entre os quais Noel Rosa (Positivismo) e Custódio Mesquita (Flauta, Cavaquinho e Violão), em música criou suas melhores obras ao lado de Jota Tomás, Francisco Alves e Silvio Caldas. Com o primeiro, conheceu o primeiro sucesso com Flor do Asfalto (segunda deste título); com o segundo, entrou para o repertório seresteiro com Meu Companheiro, A Mulher que Ficou na Taça, Dona da Minha Vontade e Por Teu Amor.



 


CHUVAS DE VERÃO



FERNANDO LOBO



FERNANDO de Castro LOBO (Recife, 26 de julho de 1915 – Rio de Janeiro, 22 de dezembro de 1996) foi um compositor, jornalista e radialista brasileiro. Foi criado em Campina Grande (PB), cidade onde iniciou seus estudos musicais, sob orientação de Capiba, pai do posteriormente famoso compositor do mesmo nome. Sua mãe tocava bandolim. De volta a Recife, passou a estudar Direito. Neste período teve aulas de violino, atuando como crooner e violinista da orquestra Jazz Band Acadêmica de Pernambuco. Trabalhou na imprensa pernambucana até 1939, ano em que se transferiu para o Rio de Janeiro, onde continuou sua carreira jornalística. Trabalhou nas redações das revistas “Carioca”, “O Cruzeiro” e “A Cigarra”.



MÚSICA “CHUVAS DE VERÃO” NA VOZ DE CAETANO VELOSO


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CHUVAS DE VERÃO


Podemos ser amigos simplesmente

Coisas do amor nunca mais

Amores do passado no presente

Repetem velhos temas tão banais

Ressentimentos passam como o vento

São coisas de momento

São chuvas de verão

Trazer uma aflição dentro do peito

É dar vida a um defeito

Que se cura com a razão

Estranha no meu peito

Estranha na minh'alma

Agora eu vivo em calma

Não te desejo mais

Podemos ser amigos simplesmente

Amigos, simplesmente, nada mais

(Fernando Lobo)


(Em homenagem ao saudoso JOSÉ GODOY LAPA – ZECA GODOY)




 

MALANDRINHA

Seresta de Freire Júnior. Gravação original de Francisco Alves, feita em 1927, com acompanhamento de dois violões, Rogério Guimarães e o próprio Francisco Alves.


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A lua vem surgindo cor de prata No alto da montanha verdejante A lira do cantor em serenata Reclama na janela a sua amante

Ao som da melodia apaixonada Das cordas de um sonoro violão Confessa um seresteiro à sua amada O que dentro lhe dita o coração


Ó linda imagem de mulher que me seduz Ah se eu pudesse tu estarias num altar És a rainha dos meus sonhos, és a luz És malandrinha não precisas trabalhar


Acorda minha bela namorada A lua nos convida a passear Seus raios iluminam toda a estrada Por onde nós havemos de passar


A rua está deserta, ó vem querida Ouvir bem junto a mim, o som do pinho E quando a madrugada, já surgida Os pombos voltarão para o seu ninho


Ó linda imagem de mulher que me seduz Ah se eu pudesse tu estarias num altar És a rainha dos meus sonhos, és a luz És malandrinha não precisas trabalhar


Temos aqui uma das mais belas e populares serestas brasileiras. Desde 1927, quando foi gravada pela primeira vez, muitos cantores a regravaram, mantendo assim uma permanência rara nesse tipo de música. Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, Francisco Petrônio, Jair Rodrigues e até Martinho da Vila nos deram suas interpretações, às vezes deturpando a letra original. Petrônio, por exemplo, canta: "A lira de um cantor em serenata" e Jair Rodrigues diz: "Reclama na janela um peito amante"...

Há nesta peça, entretanto, duas coisas que não conseguimos explicar: a primeira é aquela "...a madrugada é já surgida", licença poética que seria evitada se o Freire Júnior tivesse escrito: "E quando a madrugada for surgida"; a segunda - é a quebra da rima nos dois últimos versos, "pinho" e "ninhos", pois julgamos que "Os pombos voltarão para o seu ninho" conservaria a rima com "pinho" no singular e acrescentaria à poesia a intimidade de um ninho só... Aliás, sentindo o drama, o Chico Alves procura disfarçar ao máximo o plural "ninhos", só notado quando se presta grande atenção às suas palavras...


FREIRE JÚNIOR - Nome Artístico: Freire Júnior

Nome verdadeiro: Francisco José Freire Júnior

Data de nascimento: 4/8/1881

Local de nascimento: Santa Maria Madalena, RJ

Data de morte: 6/10/1956

Local de morte: Rio de Janeiro, RJ



FREIRE JÚNIOR


Nasceu em uma família de proprietários rurais no Estado do Rio de Janeiro. Com apenas oito anos de idade, já armava teatrinhos em Santa Tereza, cobrando entradas de um tostão. Aos 14 anos começou a compor para um grupo de teatro amador do bairro de Santa Teresa, onde morava. Aí estreou compondo a música da peça “O primo da Califórnia”. Nesse espetáculo, conheceu Chiquinha Gonzaga, que o incentivou a estudar com o maestro Agnelo França. Aos 17 anos, tocava piano no Belo Clube em Santa Tereza. Na época que cursava a faculdade de Odontologia, residia na ilha de Paquetá, onde, durante alguns anos, dirigiu o “Paquetá Jornal”. Foi cirurgião-dentista do Ministério da Justiça.




 


MARINGÁ

Toada de Joubert de Carvalho. Gravação original de Gastão Formenti, feita em 13 de junho de 1932.


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Foi numa leva que a cabocla Maringá Ficou sendo a retirante que mais dava o que falar E junto dela veio alguém que suplicou Pra que nunca se esquecesse de um caboclo que ficou

Maringá, Maringá Depois que tu partiste Tudo aqui ficou tão triste Que eu garrei a imaginar

Maringá, Maringá Para haver felicidade É preciso que a saudade Vá bater noutro lugar

Maringá, Maringá Volta aqui pro meu sertão Pra de novo o coração De um caboclo assossegar

Antigamente uma alegria sem igual Dominava aquela gente da cidade de Pombal Mas veio a seca, toda chuva foi-se embora Só restando então as águas Dos meus óios quando chora

Maringá, Maringá

Maringá, Maringá

Maringá, Maringá Volta aqui pro meu sertão Pra de novo o coração De um caboclo assunsegar


Esta linda e brasileiríssima toada cremos ter sido a primeira referência, na música popular do sul, ao flagelo da seca nordestina, muito anterior à ASA BRANCA, por exemplo. Como nos conta Brício de Abreu, na contracapa do LP “Serenata” (com Sylvio Caldas – Colúmbia) e também Ary Vasconcelos, em seu “Panorama da MPB” (Vol. 1 – Editora Martins – Rio – 1964), sua história e interessante e única. Brício escreve: “É talvez a mais popular composição desse extraordinário Joubert de Carvalho. Já foi gravada em todos os países do mundo, inclusive Japão e Java; só na Itália já foi gravada em 13 etiquetas”.

Sua história é a seguinte: em 1931, Ruy Carneiro (que depois seria senador pela Paraíba) era oficial de gabinete do Ministro José Américo de Almeida, e muito amigo de Joubert. Desolado com o panorama do Nordeste, Ruy pediu a Joubert que fizesse uma canção que chamasse a atenção do povo do Centro-Sul para as desgraças e necessidades de sua terá natal. Koubert começou por fazer um poema, uma rima fácil, perguntou a Ruy, qual era a cidade do ministro José Américo, sendo informado que era a cidade de Areias; achando-a de rima trabalhosa, perguntou então qual era a dele, Ruy. Sabendo que era Pombal, aproveitou-a imediatamente na canção.

Além de tudo, cremos ser MARINGÁ a única peça da MPB que se transformou em acidente geográfico. Conta a história que a senhora Elisabeth Thomas, esposa de Henry Thomas (ambos ingleses e ele presidente da Cia de Terras do Norte do Paraná) se encantou de tal maneira com a canção de Joubert que insistiu com o marido para que desse esse nome à cidade que estava sendo criada pela Companhia, 150 km adiante de Londrina. Assim se fez e hoje lá está Maringá, uma belíssima e progressista cidade, grande centro agrícola, comercial e industrial do sul do Brasil. Fundada em 10 de maio de 1947, passados 12 anos, em 21 de abril de 1959, inaugurou uma das suas mais belas avenidas como o nome do criador de MARINGÁ; convidado especial para assistir a essa festa, Joubert de Carvalho foi alvo de uma homenagem única para um compositor popular brasileiro.



JOUBERT DE CARVALHO


A CIDADE DE MARINGÁ (PR)



Joubert Gontijo de Carvalho (Uberaba, 6 de março de 1900Rio de Janeiro, 20 de setembro de 1977) foi um médico e compositor brasileiro, autor de canções como "Maringá" e "Taí" (ou "Pra você gostar de mim"). Nascido no Triângulo Mineiro, foi o segundo dos dez filhos do fazendeiro e comerciante Tobias de Carvalho e da dona de casa Francisca Gontijo de Carvalho. m 1909, quando tinha nove anos Joubert ganhou de seu pai um piano, onde passou a tocar, de ouvido, os dobrados que ouvia na banda local. Aos doze, tendo terminado o curso primário em Uberaba, Joubert mudou-se com a família para São Paulo, por causa da preocupação do pai com a educação e formação dos filhos, que foram estudar no Ginásio São Bento. A primeira composição de Joubert, a valsa Cruz Vermelha, foi inspirada no hospital infantil do mesmo nome, que havia em São Paulo, e cujas primeiras notas haviam sido tiradas no piano da infância.




 


CARTOLA



Angenor Oliveira, mais conhecido por CARTOLA (Rio de Janeiro, 11 de outubro de 1908Rio de Janeiro, 30 de novembro de 1980), foi um cantor, compositor, poeta e violonista brasileiro. É considerado por diversos músicos e críticos musicais como o maior sambista da história da música brasileira. Tendo como seus principais sucessos as músicas As Rosas não Falam,O Mundo É um Moinho e Alvorada. Ajudou na fundação da agremiação Mangueira.


CANTE COM O CARTOLA UM DE SEUS CLÁSSICOS - "AS ROSAS NÃO FALAM"

É SÓ ACESSAR



AS ROSAS NÃO FALAM

Bate outra vez

Com esperanças o meu coração

Pois já vai terminando o verão

Enfim

Volto ao jardim

Com a certeza que devo chorar

Pois bem sei que não queres voltar

Para mim

Queixo-me às rosas

Que bobagem as rosas não falam

Simplesmente as rosas exalam

O perfume que roubam de ti, ai

Devias vir

Para ver os meus olhos tristonhos

E, quem sabe, sonhavas meus sonhos

Por fim

Bate outra vez...



 

JORGE BEN


JORGE BEN


Jorge Duílio Lima Meneses OMC (Rio de Janeiro, 22 de março de 1939), conhecido como JORGE BEN e JORGE BEN JOR, é um violonista, pandeirista, guitarrista, percussionista, cantor e compositor brasileiro. Em 2008 a revista Rolling Stone Brasil o nomeou como o 5º maior artista da história da música brasileira. Seu estilo característico possui diversos elementos, entre eles: rock and roll, samba, samba rock, bossa nova, jazz, maracatu, funk, ska e até mesmo hip hop, com letras que misturam humor e sátira, além de temas esotéricos. A obra de Jorge Ben tem uma importância singular para a música brasileira, por incorporar elementos novos no suingue e na maneira de tocar violão, com características do rock, soul e funk norte-americanos. Além disso, trouxe influências árabes e africanas, oriundas de sua mãe, nascida na Etiópia.


CANTE COM O JORGE



MAS QUE NADA

Ô ária raiô! Obá! Obá! Obá! Ô ária raiô! Obá! Obá! Obá!

Mas que nada

Sai da minha frente, eu quero passar

Pois o samba está animado

O que eu quero é sambar

Esse samba

Que é misto de maracatu

É samba de preto velho

Samba de preto tu

Mas que nada

Um samba como este tão legal

Você não vai querer

Que eu chegue no final

Ô ária raiô! Obá! Obá! Obá! ária raiô! Obá! Obá! Obá!



 


SECOS E MOLHADOS



Secos & Molhados foi uma banda brasileira da década de 1970, tendo como formação clássica João Ricardo (vocais, violão e harmônica), Ney Matogrosso (vocais) e Gérson Conrad (vocais e violão). João havia criado o nome da banda sozinho em 1970, até juntar-se com as diferentes formações nos anos seguintes e prosseguir igualmente sozinho com o álbum Memória Velha (2000). No começo, as apresentações ousadas, acrescidas de um figurino e uma maquiagem extravagantes, fizeram a banda ganhar imensa notoriedade e reconhecimento, sobretudo por canções como "O Vira", "Sangue Latino", "Assim Assado", "Rosa de Hiroshima", que misturam danças e canções do folclore português, como o vira, críticas à Ditadura Militar e a poesia de Cassiano Ricardo, Vinicius de Moraes, Oswald de Andrade, Fernando Pessoa e João Apolinário, pai de João Ricardo, com um rock pesado inédito no país, o que a fez se tornar um dos maiores fenômenos musicais do Brasil da época e um dos mais aclamados pela crítica nos dias de hoje.

Secos-e-Molhados 1974 - Só álbum de estreia, Secos e Molhados I (1973), foi possível graças às tais performances que despertaram interesse nas gravadoras, e projetou o grupo no cenário nacional, vendendo mais de um milhão de cópias no país. Desentendimentos financeiros, entretanto, fizeram essa formação se desintegrar em 1974, ano do Secos & Molhados II, embora João Ricardo tenha prosseguido com a marca em Secos & Molhados III (1978), Secos e Molhados IV (1980), A Volta do Gato Preto (1988), Teatro? (1999) e Memória Velha (2000), enquanto Gérson continuou a tocar sozinho. Do grupo, Ney Matogrosso é o mais bem-sucedido em sua carreira solo, e continua ativo desde Água do Céu - Pássaro (1975). Os Secos & Molhados estão inscritos em uma categoria privilegiada entre as bandas e músicos que levaram o Brasil da bossa nova à Tropicália e então para o rock brasileiro, um estilo que só floresceu expressivamente nos anos 80. Seus dois álbuns de estreia incorporaram elementos novos à MPB, que vai desde a poesia e o glam rock ao rock progressivo, servindo como fundamental referência para uma geração de bandas underground que não aceitavam a MPB como expressão. O grupo continua a ganhar atenção das novas gerações: em 2007, a Rolling Stone Brasil posicionou o primeiro LP em quinto lugar na sua lista dos 100 maiores discos da música brasileira e em 2008 a Los 250: Essential Albums of All Time Latin Alternative - Rock Iberoamericano o colocou na 97ª posição. - Origem do nome O nome foi criado por João Ricardo, quando se encontrava nas proximidades de Ubatuba em um dia chuvoso e viu escrito numa placa de armazém balançando "Secos e Molhados". Isto lhe chamou a atenção, antes mesmo da banda, surgiu a ideia do nome, assim como outros conceitos foram se formando. Passaram uma grande temporada em Crixás.


CANTE COM O NEY

(é só clicar no link)



SANGUE LATINO


Jurei mentiras e sigo sozinho Assumo os pecados Os ventos do norte não movem moinhos E o que me resta é só um gemido

Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos Meu sangue latino Minh'alma cativa

Rompi tratados, traí os ritos Quebrei a lança, lancei no espaço Um grito, um desabafo E o que me importa é não estar vencido

Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos Meu sangue latino Minh'alma cativa


 


GERALDO VANDRÉ


GERALDO VANDRÉ


Geraldo Vandré, nome artístico de Geraldo Pedrosa de Araújo Dias (João Pessoa, 12 de setembro de 1935), é um cantor, compositor, advogado e poeta brasileiro. Seu sobrenome artístico é uma abreviação do sobrenome de seu pai, o médico otorrinolaringologista, José Vandregíselo. Foi o primeiro filho do casal José Vandregíselo de Araújo Dias e Maria Martha de Gouveia Pedrosa. Neto, pelo lado paterno, de Antonio Targino de Araujo Dias e Maria Mathilde Pereira de Mello. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1951, tendo ingressado em 1957 na Universidade do Distrito Federal, pela qual se formou em 1961, quando esta passou a se chamar Universidade do Estado da Guanabara (hoje Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Tornou-se funcionário da COFAP (sucedida em 1962 pela SUNAB). Militante estudantil, participou do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE). Conheceu Carlos Lyra, que se tornou seu parceiro em canções como "Quem Quiser Encontrar Amor" e "Aruanda", gravadas por Lyra e por Vandré. Gravou seu primeiro LP, "Geraldo Vandré", em 1964, com as músicas "Fica Mal com Deus" e "Menino das Laranjas", entre outras. Em 1966, chegou à final do Festival de Música Popular Brasileira da TV Record com o sucesso da música Disparada (parceria com Théo de Barros), interpretada por Jair Rodrigues. A canção arrebatou o primeiro lugar ao lado de A Banda, de Chico Buarque. Em 1968, participou do III Festival Internacional da Canção da TV Globo com Pra não Dizer que não Falei de Flores, também conhecida como "Caminhando". A composição se tornou um hino de resistência do movimento estudantil que fazia oposição à ditadura durante o governo militar, e foi censurada. O refrão "Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora, / Não espera acontecer" foi erroneamente interpretado pelos militares como uma chamada à luta armada contra os ditadores, o que levou a sua perseguição política. No festival, a música ficou em segundo lugar, perdendo para Sabiá, de Chico Buarque e Tom Jobim. A música Sabiá foi vaiada pelo público presente no festival, que bradava exigindo que o prêmio viesse a ser da música de Geraldo Vandré. Em 12 de setembro de 2010 (dia de seu aniversário de 75 anos), Vandré concedeu no Clube da Aeronáutica no Rio de Janeiro uma polêmica entrevista ao jornalista Geneton Moraes Neto, na qual critica o cenário cultural brasileiro desde os anos 70 e afirma que seu afastamento da música popular não foi causado por perseguição, mas sim pela falta de motivação para compor ao público brasileiro, vítima do processo de massificação cultural e histórica. Negou ter sido torturado e rejeitou os rótulos de antimilitarista e de autor de música de protesto. Hoje, ausente da atividade musical comercial e tendo uma vida simples de funcionário público aposentado, Geraldo Vandré reside no Rio de Janeiro, mudando-se de São Paulo, em que viveu por algumas décadas, após o falecimento da esposa em 2021. "Estou fora de atividade e não tenho o que reportar. Não estou fazendo nada", afirmou para a Folha de S.Paulo, em 2023.


Cante com o Geraldo Vandré

(é só clicar no link)



Para não dizer que não falei das flores


Caminhando e cantando/E seguindo a canção/Somos todos iguais/Braços dados ou não/Nas escolas, nas ruas/Campos, construções/Caminhando e cantando/E seguindo a canção/Vem, vamos embora/Que esperar não é saber/Quem sabe faz a hora/Não espera acontecer/Vem, vamos embora...

Pelos campos há fome/Em grandes plantações/Pelas ruas, marchando/Indecisos cordões/Ainda fazem da flor/Seu mais forte refrão/E acreditam nas flores/Vencendo o canhão/Vem, vamos embora...

Há soldados armados/Amados ou não/Quase todos perdidos/De armas na mão/Nos quartéis lhes ensinam/Uma antiga lição/De morrer pela pátria/E viver sem razão

Vem, vamos embora... Nas escolas, nas ruas/Campos, construções/Somos todos soldados/Armados ou não/Caminhando e cantando/E seguindo a canção/Somos todos iguais/Braços dados ou não/Os amores na mente/As flores no chão/A certeza na frente/A história na mão/Caminhando e cantando/E seguindo a canção/Aprendendo e ensinando/

Uma nova lição/Vem, vamos embora...


 

ANTÔNIO MARCOS


ANTÔNIO MARCOS


ANTÔNIO MARCOS Pensamento da Silva (São Paulo, 8 de novembro de 1945 — São Paulo, 5 de abril de 1992) foi um cantor, compositor, humorista e ator brasileiro. Antônio Marcos começou trabalhando como office-boy, vendedor de varejo e balconista de loja de calçados antes de passar pelos programas de calouros, chegar ao rádio e finalmente à televisão. De 1960 a 1962, destacou-se no programa de Estevam Sangirardi, cantando, tocando violão e fazendo humorismo. Em 1965, com dezenove anos integrou o coro Golden Gate e atuou nas peças Pé Coxinho e Samba Contra 00 Dólar, de Pascoal Lourenço, no Teatro de Arena. Convidado por Ramalho Neto, gravou seu primeiro disco pela RCA Victor, como integrante do conjunto Os Iguais, tornando-se logo solista e fazendo sucesso com a música "Tenho Um Amor Melhor Que O Seu" (Roberto Carlos). Em 1969, participou do V Festival da MPB da TV Record interpretando "Tu Vais Voltar", a canção ficou em 4°lugar e Antônio Marcos conquistou o prêmio de "Melhor Intérprete" do festival. A partir daí, seguiram-se outros sucessos, como "Oração De Um Jovem Triste" (Alberto Luís) e "Como Vai Você" (com Mário Marcos). Foi lançado no cinema por J. B. Tanko, no filme Pais Quadrados... Filhos Avançados (1970), participando também de Som, Amor E Curtição (1972) e de outros, além de atuar em peças teatrais, como Arena Conta Zumbi (Teatro de Arena, direção de Augusto Boal, 1969) e Hair (Teatro Aquarius, direção de Altair Lima, 1970). Atingiu seu maior sucesso em 1973, com "O Homem De Nazaré" (Cláudio Fontana), que seria lançado no ano seguinte em espanhol.[4] Um de seus últimos sucessos foi a canção-tema de O Profeta, telenovela da TV Tupi na qual participava sua futura esposa Débora Duarte. Já casado com a atriz, participaria com ela da telenovela Cara a Cara da TV Bandeirantes, na qual também interpretava a canção-tema. Durante a década de 1980, sua carreira entraria em declínio. Como consequência, Antônio Marcos se tornaria usuário de álcool e outras drogas, que levariam a sua internação em clínicas de reabilitação. Em 1991, pretendia lançar um LP contendo uma versão de "Imagine", de John Lennon, mas Yoko Ono, viúva de Lennon, vetou a versão, o que, aliado à falência da gravadora Esfinge, impediu o lançamento do disco. Morreu em 5 de abril de 1992, vítima de insuficiência hepática, consequência do alcoolismo. Após sua morte, foram lançados os CDs Acervo (1994, coletânea RCA/BMG) e Aplauso (1996, coletânea RCA/BMG). A cantora Vanusa foi sua primeira esposa, com quem teve as filhas Amanda e Aretha Marcos (também cantora). Depois casou-se com a atriz Débora Duarte e com ela teve a também atriz Paloma Duarte. Sua terceira mulher foi Rose, com quem teve o filho Pablo. Nos seus últimos dois anos, viveu com Ana Paula, filha de Nice Rossi. Nice foi a primeira esposa de seu amigo Roberto Carlos.


CANTE COM O ANTÔNIO MARCOS


EU VOU TER SEMPRE VOCÊ


Você jamais saberá querida A falta que você faz em mim Meu coração se nega a pensar Em outro alguém Ele não quer que eu seja de mais ninguém Até o fim dos meus dias Eu vou ter sempre você comigo Não adianta eu querer mentir E por onde eu andar você vai estar E nas noites eu vou te sonhar Eu vou ter sempre você em mim

Meu coração se nega a pensar Em outro alguém Ele não quer que eu seja de mais ninguém Até o fim dos meus dias Eu vou ter sempre você comigo Não adianta eu querer mentir E por onde eu andar você vai estar E nas noites eu vou te sonhar Eu vou ter sempre você em mim



 


ALTEMAR DUTRA


ALTEMAR DUTRA


ALTEMAR DUTRA de Oliveira (Aimorés, 6 de outubro de 1940Nova Iorque, 9 de novembro de 1983) foi um cantor e compositor brasileiro. Sucesso em toda a América Latina, interpretando obras como "Sentimental Demais", "O Trovador", "Brigas" e "Que Queres Tu de Mim", boa parte das canções de autoria da dupla Evaldo Gouveia e Jair Amorim, foi progressivamente destacando-se no gênero musical bolero. De fato, veio a ser aclamado como o "rei do bolero" no Brasil.

Iniciou sua carreira na Rádio Difusora de Colatina, no Espírito Santo, localidade para onde sua família havia se mudado, cantando uma música de Francisco Alves. Antes de completar sua maioridade, seguiu para o Rio de Janeiro, levando uma carta de apresentação para o compositor Jair Amorim, que o encaminhou a amigos do meio artístico. Tentou a sorte como crooner em boates e casas de espetáculos.

Gravou o primeiro disco na Tiger, com "Saudade que vem" (Oldemar Magalhães e Célio Ferreira) e "Somente uma vez" (Luís Mergulhão e Roberto Moreira). Por volta de 1963, foi levado por Jair Amorim para o programa Boleros Dentro da Noite, na Rádio Mundial, e no mesmo ano Joãozinho, do Trio Irakitan, levou-o para a Odeon, onde foi contratado. Logo atingiu os primeiros lugares nas paradas de sucesso com Tudo de mim (Evaldo Gouveia e Jair Amorim), tornando-se conhecido em todo o Brasil. Em 1964, gravou com grande sucesso "Que queres tu de mim", "O Trovador", "Sentimental demais" e "Somos iguais" (todas de Evaldo Gouveia e Jair Amorim). Destacou-se também na América Latina, fazendo apresentações em vários países e gravando um LP com Lucho Gatica: "El bolero se canta así". Com suas versões em espanhol, chegou a vender mais de 500 mil cópias na América Latina. Depois de ter dominado as paradas de sucesso locais, a partir de 1969 passou a conquistar fãs de origem latina nos Estados Unidos. Em pouco tempo tornou-se um dos mais populares cantores estrangeiros nos Estados Unidos. Apresentava um show para a comunidade latino-americana, no clube noturno "El Continente", em Nova Iorque, quando faleceu aos 43 anos, de derrame cerebral. Foi casado com a cantora Marta Mendonça, tendo dois filhos, Deusa Dutra e Altemar Dutra Júnior, este também a seguir carreira artística. Segundo relata Paulo Cesar de Araújo (2002), em seu livro Eu Não Sou Cachorro, Não, apesar de seu grande sucesso, nacionalmente e internacionalmente, e alta venda de riscos, Dutra "jamais conseguiu opinião favorável da crítica, e hoje, passados mais de 20 anos de sua morte, ainda não obteve na produção historiográfica um reconhecimento à altura do talento que milhões de brasileiros lhe atribuem", o que ocorre porque "se destacou basicamente como intérprete de bolero, gênero que no Brasil não é identificado nem com a "tradição" nem com a "modernidade"" (ARAÚJO, 2002, p. 190).


CANTE COM O ALTEMAR


SENTIMENTAL DEMAIS


Sentimental eu sou Eu sou demais Eu sei que sou assim Porque assim ela me faz

As músicas que eu vivo a cantar Tem um sabor igual Por isso é que se diz Como ele é sentimental

Romântico é sonhar E eu sonho assim Cantando estas canções Para quem ama igual a mim

E quem achar alguém Como eu achei Verá que é natural Ficar como eu fiquei Cada vez mais sentimental

E quem achar alguém (achar alguém) Como eu achei (eu achei) Verá que é natural Ficar como eu fiquei Cada vez mais sentimental


 



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