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MÊS EM CURSO - FIQUE SABENDO

Atualizado: há 3 horas


DIA 10 DE OUTUBRO DE 2024

UMA QUINTA-FEIRA

SANTO (A) DO DIA




Daniel Comboni: um filho de camponeses-jardineiros pobres que se tornou o primeiro Bispo católico da África Central e um dos maiores missionários na história da Igreja.

É mesmo verdade: quando o Senhor decide intervir e encontra uma pessoa generosa e disponível, acontecem coisas novas e grandiosas.

  

Filho único - pais santos 

Daniel Comboni nasceu em Limone sul Garda (Brescia - Itália) a 15 de Março de 1831, duma família de camponeses ao serviço de um rico senhor local. O pai e a mãe, Luis e Domenica, eram afeiçoadíssimos a Daniel, o quarto de oito filhos falecidos quase todos em tenra idade. Eles formavam uma família unida, rica de fé e de valores humanos, mas pobre de meios económicos.E é exactamente a pobreza da família Comboni que obriga Daniel a deixar a aldeia natal para ir frequentar a escola em Verona, no Instituto fundado pelo sacerdote Don Nicola Mazza.

Nestes anos passados em Verona, Daniel descobre a sua vocação ao sacerdócio, completa os estudos de filosofia e teologia e, sobretudo, abre-se à missão da África Central, fascinado pelo testemunho dos primeiros missionários mazzianos que regressavam do continente africano. Em 1854 Daniel Comboni é ordenado sacerdote e três anos depois parte para a África juntamente com outros cinco missionários do Istituto Mazza, com a benção da mãe Domenica que lhe diz: «Vai, Daniel, e que o Senhor te abençoe». 

 

No coração da África - com a África no coração 

Após quatro meses de viagem, a expedição missionária de que Comboni faz parte chega a Cartum, capital do Sudão. O impacto com a realidade africana é enorme. Daniel dá-se imediatamente conta das dificuldades que comporta a sua nova missão. O cansaço, o clima insuportável, as doenças, a morte de numerosos e jovens companheiros, a pobreza e abandono do povo impelem-no cada vez mais a seguir em frente e a não abandonar a missão iniciada com tanto entusiasmo. Da missão de Santa Cruz escreve aos seus pais: «Teremos que sofrer, suar, morrer, mas o pensar que se sofre e morre por amor de Jesus Cristo e da salvação das almas mais abandonadas do mundo é demasiado consolador para nos fazer desistir da grande empresa».

Ao assistir à morte em África dum seu jovem companheiro missionário, Comboni em vez de desanimar sente-se interiormente confirmado na decisão de continuar a sua missão: «Ou Nigrizia ou morte, ou a África ou a morte».

E é sempre a África e a sua gente que levam Comboni, uma vez regressado a Itália, a conceber uma nova estratégia missionária. Em 1864, recolhido em oração junto ao túmulo de São Pedro em Roma, Daniel tem uma iluminação fulgurante que o leva a elaborar o seu famoso Plano para a regeneração da África, um projecto missionário (que se pode sintetizar numa intuição, «Salvar a África com a África», e que é fruto da sua ilimitada confiança nas capacidades humanas e religiosas dos povos africanos.

 

Um Bispo missionário original 

No meio de dificuldades e incompreensões não indiferentes, Daniel Comboni tem a intuição de que a sociedade europeia e a Igreja católica são chamadas a tomar em maior consideração a missão da África Central. Com este objectivo dedica-se a uma incansável animação missionária em todos os recantos da Europa, pedindo ajudas espirituais e materiais para as missões africanas, quer aos Reis, Bispos e grandes Senhores, quer ao povo pobre e simples. Como instrumento de animação missionaria cria uma revista missionária, a primeira em Itália.

A sua fé inquebrantável no Senhor e na África leva-o a fundar em 1867 e 1872, respectivamente, os seus Institutos missionários, masculino e feminino, posteriormente conhecidos como Missionários Combonianos e Irmãs Missionárias Combonianas.

Como teólogo do Bispo de Verona, participa no Concílio Vaticano I, levando 70 Bispos a subscreverem uma petição em favor da evangelização da África Central (Postulatum pro Nigris Africæ Centralis).

A 2 de Julho de 1877 Comboni é nomeado Vigário Apostólico da África Central e consagrado Bispo um mês mais tarde: é a confirmação de que as suas ideias e as suas acções, por muitos consideradas demasiado arrojadas ou até paranóicas, são extremamente eficazes para o anúncio do Evangelho e para a libertação do continente africano.

Nos anos de 1877-1878 sofre no corpo e no espírito, juntamente com os seus missionários e missionárias, a tragédia duma estiagem e carestia sem precedentes que dizimam a população local e abalam o pessoal e a actividade missionária.

 

Com a cruz por amiga e esposa 

Em 1880, com o entusiasmo de sempre, o Bispo Comboni regressa à África pela oitava e última vez, decidido a continuar, lado a lado com os seus missionários e missionárias, a luta contra a praga da escravatura e a consolidar a actividade missionária através dos próprios africanos. Um ano depois, provado pelo cansaço, pelas frequentes e recentes mortes dos seus colaboradores e pela amargura de acusações e calúnias, o grande missionário adoece. A 10 de Outubro de 1881, com apenas 50 anos de idade, marcado pela cruz que, qual esposa fiel e amada, nunca o abandonou, morre em Cartum no meio da sua gente, consciente de que a obra missionária não morreria. «Eu morro, mas a minha obra não morrerá».

Daniel Comboni tinha visto bem. A sua obra não morreu; pelo contrario, como todas as grandes obras que «nascem e crescem aos pés da cruz», continua a viver graças à doação da vida feita por tantos homens e mulheres que escolheram seguir Comboni no caminho da árdua e entusiasmante missão entre os povos mais necessitados na fé e mais abandonados pela solidariedade humana.

 

As datas fundamentais 

— Daniel Comboni nasce em Limone sul Garda (Brescia - Itália) a 15 de Março de 1831. 

— Consagra a sua vida à África (1849), realizando um projecto que a partir de 1857, ano em que embarca para a África pela primeira vez, o leva várias vezes a arriscar a vida em extenuantes expedições missionárias. 

— Em 31 de Dezembro de 1854, ano da proclamação da Imaculada Conceição de Maria, é ordenado sacerdote pelo Bispo de Trento, o Beato João Nepomuceno Tschiderer. 

— Com a confiança em que os africanos se tornariam eles mesmos protagonistas da própria evangelização dá vida a um projecto que tem por finalidade «Salvar a África com África» (Plano de 1864). 

— Fiel ao seu lema «Ou Nigrizia ou morte», não obstante as dificuldades, prossegue com o seu projecto fundando em 1867 o Instituto dos Missionários Combonianos. 

— Qual voz profética, proclama a toda a Igreja, particularmente na Europa, que chegou a hora da salvação dos povos da África. Para isso ele, um simples sacerdote, não exita em se apresentar no Concílio Vaticano I para pedir aos Bispos que cada Igreja local se comprometa na conversão da África (Postulatum, 1870). 

— Com coragem pouco comum naqueles tempos, concebe as Irmãs missionárias como plenamente participantes na missão da África Central, e em 1872 funda o seu Instituto de Irmãs exclusivamente consagradas às missões: as Irmãs Missionárias Combonianas. 

— Pelos africanos consome todas as suas energias, e luta tenazmente pela abolição da escravatura.

— Em 1877 é consagrado Bispo e nomeado Vicário Apostólico da África Central. 

— Morre em Cartum (Sudão) consumido pelas canseiras e pelas cruzes na noite de 10 de Outubro de 1881. 

— Em 26 de Março de 1994 é reconhecida a heroicidade das suas virtudes. 

— Em 6 de Abril de 1995 é reconhecido o milagre operado por sua intercessão em favor de uma menina afro‑brasileira, Maria José de Oliveira Paixão. 

— Em 17 de Março de 1996 é beatificado em São Pedro por Sua Santidade o Papa João Paulo II. 

— Em 20 de Dezembro de 2002 è reconhecido o segundo milagre operado por sua intercessão em favor de uma mãe muçulmana do Sudão, Lubna Abdel Aziz. 

— Em 5 de Outubro de 2003 è canonizado em São Pedro por Sua Santidade o Papa João Paulo II.

 

 

EVANGELHO DO DIA


DIA 10 DE OUTUBRO DE 2024

UMA QUINTA-FEIRA


- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas

- Glória a vós, Senhor!   

  

- Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 5“Se um de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: ‘Amigo, empresta-me três pães, 6porque um amigo meu chegou de viagem e nada tenho para lhe oferecer’, 7e se o outro responder lá de dentro: ‘Não me incomodes! Já tranquei a porta, e meus filhos e eu já estamos deitados; não me posso levantar para te dar os pães’; 8eu vos declaro: mesmo que o outro não se levante para dá-los porque é seu amigo, vai levantar-se ao menos por causa da impertinência dele e lhe dará quanto for necessário. 9Portanto, eu vos digo: pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e a porta será aberta. 10Pois quem pede recebe; quem procura encontra; e, para quem bate, se abrirá. 11Será que algum de vós que é pai, se o filho pedir um peixe, lhe dará uma cobra? 12Ou ainda, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? 13Ora, se vós que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!”

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!  

 

COMENTÁRIOS AO EVANGELHO ACIMA


A porta será aberta... (Lc 11,5-13)


Há momentos de nossa vida em que todas as portas parecem fechadas. Buscamos em volta e não vemos saída para nossos impasses e dificuldades. Ora, neste Evangelho Jesus nos garante que há uma porta. E ela se abre a todo aquele que bate à porta.

 

Como pano de fundo para esta certeza, a consciência de que não batemos à porta de um estranho. Nem mesmo de um simples amigo. Trata-se da porta da casa de um Pai, sempre pronto a colher seus filhos.

 

Por outro lado, também o nosso coração tem sua porta, onde Jesus Cristo bate todos os dias, à espera de que o acolhamos em nosso interior. Ocupados em bater à porta de Deus, não percebemos que ele se antecipou e já está batendo à nossa porta.

 

Em 2012, em uma Carta apostólica, o Papa Bento XVI escrevia: “A Porta da Fé (cf. At 14,27), que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. É possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma. Atravessar esta porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira. Este caminho tem início no Batismo (cf. Rm 6,4), pelo qual podemos dirigir-nos a Deus com o nome de Pai, e está concluído com a passagem através da morte para a vida eterna, fruto da ressurreição do Senhor Jesus que, com o dom do Espírito Santo, quis fazer participantes da sua própria glória quantos creem nele (cf. Jo 4,8).” (Porta Fidei, 1.)

 

Que temos aí? Uma porta de entrada, um caminho existencial, um porto de chegada. Não uma errância caótica, sem sentido, nas mãos de um destino indiferente que nos trata como marionetes, mas uma experiência de filhos sob os olhos de um Pai atento e amoroso.

 

É por isso que Jesus Cristo nos anima a bater à porta, mesmo no meio da noite, na certeza de que não mora um estranho nem um vizinho incomodado no interior da Casa. Lá dentro, sempre vigilante, quem responde ao nosso chamado é o Deus que nos adotou como filhos desde nosso batismo. Muito mais do que pães ou peixes ao visitante faminto, o Pai está pronto a conceder o Espírito Santo – o maior de todos os dons – a todo aquele que lho pedir.

 

Como é que você pretende viver a sua vida? No papel de um viajante anônimo ou na pessoa de um filho bem-amado?

 

Orai sem cessar: “Basta abrires a boca e te satisfarei!” (Sl 81,11)


 

ACONTECEU NO MÊS DE OUTUBRO


DIA 10 DE OUTUBRO...


1845 – A Escola Naval dos Estados Unidos é inaugurada.

1913 – Inauguração do Canal do Panamá.

1933 – O Boeing 247 da United Airlines é destruído em uma sabotagem durante a rota Cleveland (Ohio) para Chicago, o primeiro caso provado de sabotagem em aviões na história da aviação comercial.

1944 – Meninos de famílias ciganas são exterminados na câmara de gás em Birkenau.

1979 – O jogo Pac Man começa a ser comercializado no mercado japonês pela Namco.

1997 – Um avião da Austral Líneas Aéreas DC-9-32 colide e explode perto de Nuevo Berlín, Uruguai, matando 74 pessoas.

2003 – Cientistas testam a teoria da gravidade de Einstein através da sonda Cassini.

2015 – Atentado terrorista em Ankara, na Turquia, causa 87 mortes.

2018 — O furacão Michael chega ao Panhandle da Flórida como um furacão catastrófico de categoria 5.



No dia 10 de outubro de 1979, o jogo Pac-Man começou a ser comercializado no mercado japonês pela empresa Namco. Sua filosofia simples e direta: um labirinto em que o jogador, controlando o Pac-Man, deveria comer 240 pontinhos sem deixar-se ser atacado por fantasminhas que o perseguiam. Dentro do labirinto, também havia quatro pílulas especiais, que davam ao Pac-Man a possibilidade de devorar, por um breve período de tempo, seus oponentes.

Pac-Man foi o primeiro jogo a usar de forma eficaz a cinemática. A introdução do jogo apresenta os fantasmas e, no intervalo de algumas fases, temos pequenas sequências de humor, como um gigante Pac-Man perseguindo um assustado fantasma. O nome original do jogo no Japão era Puck-Man, mas nos Estados Unidos ele virou Pac-Man, para evitar brincadeiras como o palavrão “fuck”.

Pac-Man adquiriu uma popularidade incomum. Foi capa de dezenas de revistas, tornou-se um desenho animado e gerou inúmeros outros produtos. Em 1982, no auge da chamada Pac-Mania, os músicos Jerry Buckner e Gary Garcia lançaram um single com a música “Pac-Man Fever”, mesclando a batida típica dos anos 1980 com sons dos efeitos do jogo. 

 

NASCERAM NO MÊS DE OUTUBRO


DIA 10 DE OUTUBRO

 

1780 – John Abercrombie, físico escocês (m. 1844).

1813 – Giuseppe Verdi, compositor de óperas italiano (m. 1901).

1917 — Thelonious Monk, pianista e compositor de jazz estadunidense (m. 1982).

1924 – Ed Wood, cineasta estadunidense (m. 1978); James Clavell, autor e diretor de cinema britânico (m. 1994); e Lídia Mattos, atriz brasileira (m. 2013).

1950 – Nora Roberts, escritora norte-americana.

1956 – Miguel Falabella, ator e diretor brasileiro.

1964 – Rosana Garcia, atriz e preparadora de atores brasileira.

1972 – Marcelo Negrão, ex-jogador brasileiro de vôlei.

1975 – Paula Lima, cantora brasileira.

1976 – Bob Burnquist, skatista brasileiro.

1980 – Fernanda Machado, atriz brasileira.

2002 – Thomas Kuc, ator brasileiro.


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Vida

No cinema participou de filmes como Dedé Mamata e A Menina do Lado. Já na TV esteve no elenco de novelas importantes como Selva de Pedra, O Bem-Amado, Plumas e Paetês, Brilhante e A Próxima Vítima, e na minissérie O Primo Basílio.

Lydia da Silva Mattos era mãe de Dilma Lóes (de seu casamento com Urbano Lóes) e avó de Vanessa Lóes.

Morreu na madrugada de 22 de janeiro de 2013 no Hospital Espanhol, no Centro do Rio de Janeiro, onde se tratava de pneumonia.

Prêmios e indicações

Vencedora: melhor atriz coadjuvante por Eu Não Conhecia Tururu.


 

MORRERAM NO MÊS DE OUTUBRO


DIA 10 DE OUTUBRO


1930 – Adolf Engler, botânico alemão (n. 1844).

1963 – Edith Piaf, cantora francesa (n. 1915).

1973 – Ludwig von Mises, economista austríaco (n. 1881).

1985 – Orson Welles, cineasta e ator norte-americano (n. 1915).

2004 – Christopher Reeve, ator norte-americano (n. 1952).

2010 – Solomon Burke, cantor e compositor norte-americano (n. 1940).

2012 – Carla Porta Musa, poetisa italiana (n. 1902).

2018 – Zíbia Gasparetto, escritora espiritualista brasileira (n. 1926).

2022 — Mário César Camargo, ator brasileiro (n. 1947).



Mário César Camargo (Marília, 4 de julho de 1947 - Belo Horizonte, 10 de outubro de 2022) foi um ator brasileiro. Iniciou sua carreira artística no Centro Popular de Cultura da União Nacional de Estudantes, no começo dos anos 60. Fez cursos de teatro com Eugênio Kusnet e Antônio Abujamra, com sua carreira deslanchando em 1982, quando interpretou Giovanni Barachetta, em Bella Ciao, de Luis Alberto de Abreu. Em 2016, esteve em Supermax da TV Globo, como Dr. Timóteo, um médico reformado do exército onde atuou com Mariana Ximenes, Cléo Pires, Erom Cordeiro, Nicolas Trevijano e outros.[3]

Filmografia

Telenovelas e minisséries e seriados

Filmes

Referências


 

COMEMORA-SE HOJE

10 DE OUTUBRO


  • Dia nacional de segurança e de saúde nas escolas

  • Dia mundial da saúde mental

  • Dia nacional de luta contra a violência à mulher

  • Dia dos veteranos da Marinha

  • Dia mundial da visão (data móvel: comemorado na 2.ª quinta-feira de outubro)



 

Mercedes Sosa (São Miguel de Tucumã, 9 de julho de 1935 – Buenos Aires, 4 de outubro de 2009) foi uma cantora argentina, uma das mais famosas na América Latina. A sua música tem raízes na música folclórica argentina. Ela se tornou uma das expoentes do movimento conhecido como Nueva canción. Apelidada de La Negra pelos fãs, devido à ascendência ameríndia (no exterior acreditava-se erroneamente que era devido a seus longos cabelos negros), ficou conhecida como a voz dos "sem voz".

Biografia

Mercedes Sosa nasceu em São Miguel de Tucumã, na província de Tucumã, no noroeste da Argentina, cidade onde foi assinada a declaração de Independência da Argentina em 9 de julho de 1816, na casa de propriedade de Francisca Bazán de Laguna, que foi declarada Monumento Histórico Nacional em 1941.

Nascida no dia da Declaração da Independência, e na mesma cidade onde foi assinada, Mercedes sempre foi patriota. Afirmou inúmeras vezes que "pátria só temos uma". Foi também uma árdua defensora do Pan-americanismo e da integração dos povos da América Latina.

De ascendência mestiça, constituída de europeus e indígenas diaguitas, cresceu durante o governo de Juan Domingo Perón e sofrendo - como quase todos da sua geração - uma influência muito grande de Eva Perón.

Ela mesma conta como começou a cantar, num dia de outubro de 1950:


"Eu tinha cerca de 15 anos. Meu pai e minha mãe, que eram muito peronistas, aproveitaram um trem gratuito para a Buenos Aires para celebrar o "17 de Outubro" [Dia da Lealdade Peronista]. Eu fiquei, aos cuidados dos meus irmãos, mais solta… Na escola, a professora de canto faltou, e a diretora me disse que íamos cantar o Hino nacional, e que eu tinha que ficar na frente e cantar bem forte, para que todos me acompanhassem. Fiquei com vergonha mas cantei: aí debutei. Nesse dia também faltou a professora de trabalhos manuais, e então, com minhas colegas, fugi para a LV12 [uma emissora de rádio de Tucumã], onde havia um concurso. Minhas colegas me empurraram para que eu cantasse. Com medo de que meu pai soubesse, adotei o nome de "Gladys Osorio". Cantei Triste estoy, de Margarita Palacios. Quando terminei, o dono da rádio me disse: 'Você ganhou o concurso'. Então continuei cantando na rádio. Até que um dia eu pai descobriu, me chamou e me disse as palavras que escuto até hoje: 'Acha bonito isso de andar metida na rádio? É isso o que faz uma moça criada para ser decente? Gladys Osorio, venha cá, chegue mais perto… Devo cumprimentá-la? Olhe nos meus olhos! Estou dizendo para olhar nos meus olhos!'."


Mercedes Sosa.

Em 1957 mudou-se de Tucumã para Mendoza, em razão de seu casamento com o compositor Oscar Matus, com quem teria um filho, Fabián Matus (n. 1958). Em 1963, o casal, juntamente com Armando Tejada Gómez e Tito Francia, fundou o Movimiento del Nuevo Cancionero.

Em 1965, Mercedes Sosa e Oscar Matus separaram-se, o que, para ela, foi um grande abalo emocional.

"Eu não deixei esse casamento. Ele me deixou. Abandonou-me com Fabián, com meu pequenino [...] Uma moça tucumana se casa para toda a vida. Isso me destruiu."


Mercedes Sosa.

Carreira

Em 1961, grava seu primeiro álbum, intitulado La voz de la zafra[8] (lançado em 1962). Em seguida, uma performance no Festival Folclórico Nacional faz com que se torne conhecida entre os povos indígenas de seu país.

Em 1965, lançou o aclamado Canciones con fundamiento, uma compilação de músicas folclóricas da Argentina. Em 1967, faz uma turnê pelos Estados Unidos e pela Europa e obtém êxito internacional. Em 1970, grava Cantata Sudamericana e Mujeres Argentinas com o compositor Ariel Ramirez e o letrista Felix Luna. Em 1971, grava um tributo à cantora e compositora chilena Violeta Parra, ajudando a popularizar a canção "Gracias a la vida". Mais tarde grava um álbum em homenagem a Atahualpa Yupanqui.

Após a ascensão da junta militar do general Jorge Videla, que depôs a presidente Isabelita Perón em 1976, a atmosfera na Argentina tornou-se cada vez mais opressiva. Sosa, que era uma conhecida ativista do peronismo de esquerda, foi revistada e presa no palco durante um concerto em La Plata em 1979, assim como seu público. Banida em seu próprio país, ela se refugiou em Paris e depois em Madri. Seu segundo marido morreu um pouco antes do exílio, em 1978.

Sosa retornou à Argentina em 1982, vários meses antes do colapso do regime ditatorial como resultado da fracassada guerra das Malvinas, e deu uma série de shows no Teatro Colón em Buenos Aires, onde convidou muitos colegas jovens para dividir o palco com ela. Um álbum duplo com as gravações dessas performances logo se tornou um sucesso de vendas. Nos anos seguintes, Sosa continuou a fazer turnês pela Argentina e pelo exterior, cantando em lugares como o Lincoln Center, o Carnegie Hall e o Teatro Mogador.

Nos anos seguintes, Sosa interpreta um vasto repertório de estilos latino-americanos, gravando tanto com artistas argentinos como León Gieco, Charly García, Antonio Tarragó Ros, Rodolfo Mederos e Fito Páez, quanto com internacionais como Chico Buarque, Raimundo Fagner, Daniela Mercury, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Gal Costa, Sting, Andrea Bocelli, Luciano Pavarotti, Nana Mouskouri, Joan Baez, Silvio Rodríguez e Pablo Milanés. Mais recentemente, grava com a colombiana Shakira, cantora latino-americana de maior sucesso no exterior.

Militância política

Simpatizante de Juan Domingo Perón na juventude, Mercedes Sosa apoiou as causas da esquerda política ao longo de sua vida, filiando-se ao Partido Comunista nos anos 1960. Após o golpe de estado de 24 de março de 1976 foi incluída nas listas negras do regime militar e seus discos foram proibidos. A partir de 1976 realizou giros pela Europa e pelo norte de África com o guitarrista argentino-peruano Lucho González (1946- ). Terminaram o giro no Brasil, onde gravaram outra versão de "Volver a los diecisiete", com Milton Nascimento.

Ela permaneceu na Argentina, apesar das proibições e ameaças, até que, em 1978, foi presa durante um recital em La Plata.[10] Não apenas ela foi presa, mas também o público presente. Em 1979, Mercedes decidiu exilar-se, primeiro em Paris e depois em Madrid. Durante a ditadura militar, enquanto esteve censurada, lançou vários álbuns, destacando-se Mercedes Sosa interpreta a Atahualpa Yupanqui (1977) e Serenata para la tierra de uno (1979), adotando como mensagem a canção homônima de María Elena Walsh: "Porque me dói se fico, mas, se me vou, eu morro". Também em 1977 Mercedes gravou duas canções de Milton Nascimento: Cio da terra (com Chico Buarque) e San Vicente (com Fernando Brant). Assim incorporou o hábito de incluir canções brasileiras em seu repertório, algo pouco usual entre os intérpretes da música hispanoamericana de então; algumas delas converter-se-iam em clássicos de seu cancioneiro, como "Maria Maria" (também de Milton Nascimento e Fernando Brant) que lançaria ao voltar à Argentina, em 1982.

Ao longo da década de 1980, Mercedes realizou trabalhos em parceria com vários brasileiros. Além de Milton Nascimento, também cantaram com ela Caetano Velloso, Chico Buarque, Gal Costa, Daniela Mercury e Beth Carvalho.

Suas preocupações sociais e sua posição política refletiam-se no repertório que interpretava, tendo sido uma das grandes expoentes da Nueva canción, movimento musical com raízes africanas, cubanas, andinas e espanholas marcado por uma ideologia de rechaço ao imperialismo norte-americano, ao consumismo e às desigualdades sociais.

Mercedes Sosa em 1973.

Prêmios e honrarias

Sosa era Embaixadora da Boa Vontade da UNESCO para a América Latina e o Caribe. Em 2000, ela ganhou o Grammy Latino de melhor álbum de música folclórica por Misa Criolla, feito que repetiria em 2003 com Acústico e em 2006 com Corazón Libre. Sua interpretação de "Balderrama", de Horacio Guarany, fez parte da trilha-sonora do filme de 2008 Che, sobre o lendário guerrilheiro argentino Che Guevara. Seu último álbum, Cantora, encontra-se indicado a três prêmios Grammy Latino.

O obituário de Sosa no jornal londrino The Daily Telegraph afirmou que ela foi "uma intérprete incomparável de obras de seu compatriota, o argentino Atahualpa Yupanqui, e da chilena Violeta Parra". Helen Poopper da agência Reuters anunciou sua morte dizendo que ela "lutou contra os ditadores da América do Sul com sua voz e tornou-se uma gigante da música latino-americana contemporânea".

Morte

Mercedes Sosa (sentada) e Cristina Fernández de Kirchner, em 2005. Kirchner, para quem Sosa fez campanha, declarou luto oficial pela morte da cantora.

Mercedes Sosa morreu aos 74 anos de idade, em 4 de outubro de 2009, às 5h15min (horário local), em Buenos Aires Ela fora internada no dia 18 de setembro na Clínica de la Trinidad, no bairro de Palermo, por causa de um problema renal. Seu quadro piorou a partir do momento em que teve complicações hepáticas e pulmonares. Nos últimos dias, manteve-se sedada, respirando com a ajuda de aparelhos. Seu corpo foi velado no Congresso Nacional, em Buenos Aires, e cremado no cemitério da Chacarita, no dia 5 de outubro de 2009. Parte das suas cinzas foi espalhada em sua província natal; parte foi colocada em Mendoza, província pela qual nutria um grande amor; parte permaneceu na capital argentina, cidade onde morava havia décadas.

A chamada Voz de Latinoamérica, que sobrevivera à censura da ditadura argentina, não deixou de cantar até seus últimos dias - como a cigarra, título da canção de María Elena Walsh a que Mercedes dera uma interpretação definitiva.

Na Argentina, a presidente Cristina Kirchner declarou luto oficial de três dias pela morte de La Negra e antecipou o retorno de uma viagem à Patagônia para comparecer ao velório da cantora. Nos estádios argentinos foi feito um minuto de silêncio, antes de todos os jogos de futebol da sétima rodada do Torneio Apertura 2009. A morte de Mercedes também foi lamentada pelo chefe de estado venezuelano, Hugo Chávez, que declarou que ela "iluminou sua vida". Os governos do Equador, Chile e Brasil  também demonstraram pesar, em notas divulgadas à imprensa. Vários artistas como Shakira,[Silvio Rodríguez Fito Páez, Daniela Mercury, Fagner e Wagner Tiso entre outros, também manifestaram-se no mesmo sentido.

Posteridade

Sobre a morte de Mercedes Sosa, o Ministério da Cultura do Brasil veiculou um texto, publicado pelo jornal O Globo no dia 5 de outubro de 2009:

"Habitualmente de costas para a música de nuestros hermanos latino-americanos, o Brasil começou a despertar para a riqueza da voz de Mercedes Sosa em 1976, após um dueto da cantora argentina com Milton Nascimento. A faixa "Volver a los 17", da compositora chilena Violeta Parra - de quem Mercedes foi uma das principais intérpretes -, virou um dos maiores destaques do hoje clássico álbum “Geraes”. A partir daí, a barreira da língua não mais impediu que brasileiros se apaixonassem pelo marcante timbre de contralto de Mercedes Sosa e por seu repertório, que incluía desde canções folclóricas a músicas de conteúdo político e social.Os discos de Mercedes passaram a ser lançados regularmente no Brasil, e a cantora gravou novos encontros com artistas da MPB, como Fagner e Chico Buarque. Em outubro do ano passado, aproveitando uma visita ao Rio para receber a ordem do mérito cultural, em cerimônia no teatro Municipal, Mercedes gravou com Caetano Veloso uma faixa que fez parte do disco de duetos dela, lançado este ano, com vários convidados, incluindo a colombiana Shakira, o uruguaio Jorge Drexler e a mexicana Julieta Venegas. (...)Independentemente das posições políticas, Mercedes merece ser ouvida por sua grande voz e seu repertório, em discos como “El grito de la tierra”, “Homenaje a Violeta Parra”, “Cantada sudamericana”, “Interpreta Atahualpa Yupanqui”, “Corazón americano” (com Milton Nascimento e León Gieco) e “Alta fidelidad” (com Charly García). Seu último disco, “Cantora, vol. 1″, teve três indicações ao Grammy Latino deste ano - que será anunciado no mês de novembro.(...)A morte de Mercedes Sosa entristeceu não somente seus amigos e familiares, mas também políticos e intelectuais, além de parceiros musicais.(...)A presidente Cristina Kirchner, que nos últimos anos organizou shows de Mercedes na Casa Rosada, decidiu antecipar seu retorno da província de Santa Cruz, onde costuma descansar com sua família, para participar do velório. A presidente, que também convocou a cantora para o ato de comemoração de sua posse, em dezembro de 2007, decretou luto nacional pela morte de Mercedes Sosa."

Também o site do Memorial da América Latina prestou sua homenagem à cantora:

"A América Latina inteira reverencia a cantora Mercedes Sosa (1935 – 2009), falecida na madrugada desse domingo, 4 de outubro. Suas cinzas serão repartidas entre Tucumã, Mendonza e Buenos Aires. O Memorial se junta à corrente que homenageia a grande artista argentina, que com seu talento corajoso e voz tonitruante catalisou os ventos de mudança dos anos 60, 70 e 80 e manteve a bandeira da utopia até o fim. Simbolicamente, suas cinzas também ficarão eternamente depositadas no Memorial da América Latina. O Memorial já estava programando - e agora vai apressá-la - uma grande homenagem à cantora, com a participação de intérpretes brasileiras."

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